Selic leva Anfavea a rever projeção

Decisão do Copom de elevar a taxa básica de juros para 12,25% fez a entidade mobilizar a equipe durante a madrugada para rever os cálculos

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) havia se preparado para apresentar, na quinta-feira (12), previsões otimistas para 2025. Mas a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros para 12,25%, na véspera, fez a entidade mobilizar a equipe durante a madrugada para rever os cálculos. A nova projeção indica vendas de 2,8 milhões de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus em 2025, o que representará um aumento de 5,6% em relação a 2024.

Segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, antes da reunião do Copom, a entidade havia calculado chegar a 3 milhões de unidades no próximo ano. Isso daria um incremento de quase 13% em relação a 2024. Mesmo com perspectivas de mais investimentos em 2025 e de desenvolvimento de veículos que se movem com novos tipos de energia, como os híbridos, a indústria automobilística termina o ano com a perspectiva de reduzir o ritmo de crescimento em 2025.

A estimativa da Anfavea indica a venda de 2,57 milhões de veículos até o fim do ano, um incremento de 15% na comparação com 2023. Leite considerou o resultado deste ano “espetacular”. As médias diárias de emplacamentos continuam em ascensão. Em novembro, foram licenciados 13,3 mil carros, em média, por dia. Foi o melhor resultado dos últimos dez anos. O percentual de crescimento do mercado brasileiro em 2024 será, ainda, o maior entre os 10 principais mercados globais.

Abaixo do Brasil, os melhores desempenhos em vendas de veículos aparecem no Canadá, com aumento de 10,5% em 2024, seguido por México (9,4%), China (3,8%), Índia (3,4%) e Estados Unidos (2,8%). Alemanha, França e Japão registram queda de vendas. Apesar do clima festivo em relação a 2024, a reunião do Copom esfriou os ânimos nas projeções para os próximos meses. “O problema nem foi tanto o aumento de um ponto percentual, mas a tendência de aumento posterior de mais um e, depois, mais um”, destacou Leite. Hoje, 45% das vendas de carros são financiadas.

Do Valor Econômico