Fim do apoio a elétricos nos EUA não é um caso isolado

Queda nas vendas de veículos elétricos faz montadoras tradicionais mudarem planos de banir motores a combustão

O avanço da oferta de carros elétricos está sob ameaça no mundo todo. A novela da transição energética ganhou um novo, e dramático, capítulo na segunda-feira, quando o 47º presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou, durante seu discurso de posse para o segundo mandato, que vai acabar com os incentivos para a produção e venda desse tipo de veículo no país.

Conforme Trump, sua administração vai “encerrar o Green New Deal” (conjunto de propostas para reduzir as emissões de carbono e incentivar a economia) e acabar com o apoio do governo ao veículo elétrico. O presidente disse que isso vai “salvar a indústria automobilística” dos EUA e os empregos dos americanos que atuam em empresas do setor. Embora o discurso de Trump tenha um tom ufanista, na prática tenta esconder a incapacidade das montadoras norte-americanas de concorrer com as fabricantes chinesas.

Além disso, a mudança de rota faz um afago em um grande número de consumidores, que demonstram total desinteresse em trocar veículos com motores a combustão por elétricos. Esse movimento não é novo. A GM, por exemplo, vinha alardeando havia tempos que faria apenas carros elétricos a partir de 2035. Porém, a queda nas vendas, que resultou em uma enorme pressão feita pela rede de concessionárias, fez a empresa mudar os planos. Das marcas do Grupo Stellantis, ao menos duas sinalizaram mudanças na mesma direção.

A Chrysler, que prometia lançar seu primeiro SUV elétrico em 2026, suspendeu o projeto. A RAM, por sua vez, indica que pode trazer de volta o motor V8 à sua linha de picapes. O desinteresse do público pelos elétricos também afeta a Ford, cuja linha de picapes Série F lidera as vendas de veículos nos EUA há 48 anos seguidos. Seja como for, o retrocesso não é “privilégio” das marcas norte-americanas.

Do Jornal do Carro