Produção e vendas crescem e Brasil volta a ser o oitavo maior fabricante automotivo do mundo

Soma de vendas de novos e usados atinge 14,2 milhões de unidades, melhor resultado da história. Ritmo foi o maior desde 2007

Uma boa notícia abre o ano de trabalho da categoria: em 2024, o Brasil voltou a ser o oitavo maior produtor de veículos automotores, superando, inclusive, a Espanha, segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). A produção total de 2,550 milhões de veículos representou uma alta de 9,7% ante 2023. Nos emplacamentos, o fechamento foi de 2,635 milhões de unidades, volume 14,1% mais alto no mesmo período, bem superior à média global de +2%.

O fato mais representativo de 2024 foi a soma de vendas de novos e usados, que chegou à marca de 14,2 milhões de veículos leves vendidos, maior resultado na história do país.

“Nenhum grande mercado do mundo cresceu tanto quanto o brasileiro em 2024. Esse, aliás, foi o maior aumento no ritmo de vendas internas desde 2007”, afirmou o diretor administrativo dos Metalúrgicos do ABC, Wellington Messias Damasceno. “Isso mostra os acertos das políticas do governo Lula, como a NIB [Nova Indústria Brasil] e o Mover [Programa de Mobilidade Verde], muito defendidas e debatidas pelo nosso Sindicato”.

Alerta

Para o dirigente, chama a atenção e preocupa o crescimento das importações, o maior nos últimos dez anos, com 466,5 mil emplacamentos, alta de 33% impulsionada pela entrada maciça de eletrificados e híbridos, em especial da China. “Esse número é maior que a produção de uma grande marca que atua no Brasil nas suas três fábricas instaladas aqui”, disse Wellington.

Foto: Adonis Guerra

Outra notícia que preocupa é a queda nas exportações nesse mesmo período. “O mês de dezembro confirmou o forte viés de alta do segundo semestre. Ao todo, 398,5 mil veículos foram enviados para outros países. Isso mostra que no Brasil tem crescido com a fabricação e vendas, mas também as importações, em um ritmo muito mais acelerado, e nós estamos perdendo participação na exportação em mercados tradicionalmente ocupados por veículos brasileiros”, explicou.

“Temos um imposto de importação muito baixo para elétricos e híbridos, o menor entre países que fabricam veículos, o que nos torna um alvo preferencial de empresas importadoras, em prejuízo de nosso parque industrial e dos nossos empregos”.

Demanda

A Anfavea destacou ainda a existência de uma demanda reprimida por transporte individual que vem sendo atendida de forma crescente, graças às melhores condições de crédito e acrescentou que, se houver uma política de renovação de frota, mais pessoas poderão optar por veículos zero quilômetros. No ano passado, houve um aumento de 36% das concessões de crédito para financiamento de veículos novos e usados.

“A gente segue na luta, na resistência, pautando e cobrando os governos e, principalmente, o governo federal, para termos mais políticas que valorizem o desenvolvimento, pesquisa e inovação no Brasil, que olhe para os nossos potenciais, quando a gente fala de eletrificação e descarbonização, e que privilegie a produção local e o conteúdo local. Isso é o que gera emprego, isso é o que gera renda, isso é o que melhora as condições de trabalho e salários da companheirada e isso é o que vai fazer o Brasil se desenvolver economicamente e socialmente”, disse Wellington.