“Nossa região tem recuperado investimentos, muitas empresas enxergam no ABC grande potencial para a transição energética”

Avaliação de dirigente do Sindicato se baseia em estudo da subseção do Dieese que aponta o Grande ABC como segundo maior “município industrial” do país

“Apesar da desindustrialização experimentada nos últimos anos, o ABC segue como região fortemente industrial do país”, a análise do diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, vai ao encontro do resultado do estudo ‘Cidades Industriais Brasileiras: Emprego, renda e níveis de atividade no período 2002-2022’, lançado em dezembro pela subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) do Sindicato.

O levantamento aponta que a região do Grande ABC – somando as sete cidades – ainda é o segundo maior “município industrial” do país em termos de emprego, atrás apenas da cidade de São Paulo. Ao final de 2022, a região contava com quase 190 mil trabalhadores, distribuídos por pouco menos de sete mil fábricas, o que representava 23% do emprego formal local.

De acordo com o levantamento, a retomada da atividade industrial contribuí significativamente para os níveis mais elevados de crescimento econômico verificados no biênio 2023/2024. Em 2024, o emprego industrial no país atingiu um novo patamar histórico, superando 8,7 milhões de postos de trabalho.

Wellington destacou o que considera os três principais eixos sobre o resultado do estudo.

ABC enquanto região industrial

O primeiro deles é a importância do ABC, considerando a região com essa marcante característica industrial. “Apesar da desindustrialização que experimentamos nos últimos anos, o ABC segue sendo uma região fortemente industrial, com destaque para pesquisa, desenvolvimento e a sinergia entre as empresas aqui existentes e rede de universidades e escolas técnicas, que formam trabalhadores muito qualificados, e os sindicatos com grande capacidade de negociação, articulação e proposição de políticas”.

Regiões maduras

O dirigente comentou o que o estudo aponta como ‘regiões maduras’ e pontuou que elas estão muito ligadas à industrialização ou desindustrialização do país. “Nos governos Temer e Bolsonaro o ABC sofreu mais do que outras regiões, porque temos uma industrialização mais madura, isso quer dizer que indústrias estão instaladas aqui há mais tempo, e claramente que estamos mais suscetíveis a essas variações econômicas.  Por isso que é tão importante debatermos políticas industriais, políticas de pesquisa e desenvolvimento, políticas para transição tecnológica, que pensem na nova indústria, mas que tenham políticas específicas para regiões com industrializações mais maduras, porque existem demandas muito específicas e que precisam ser cuidadas”.

Maior valor agregado

Conforme observou o dirigente, regiões mais industrializadas têm uma massa salarial maior, com comércio e serviço também com maior valor agregado. “O ABC é uma região mais rica, justamente por conta dessa atividade industrial mais pujante.

“Graças também, nos últimos tempos, às políticas implementadas pelo governo federal, como o Mover e o Nova Indústria Brasil, temos recuperado investimentos de empresas que já estão aqui, e de empresas que e enxergam no ABC um grande potencial para transição energética, justamente pelas características que nós temos aqui: logística facilitada, rede de universidades, escolas técnicas, trabalhadores bem qualificados, sindicatos atuantes, mas também muito propositivos. Políticas públicas são fundamentais para retomar a rota do crescimento, do desenvolvimento e principalmente olhando os potenciais brasileiros para a reindustrialização ou para a neoindustrialização”, finalizou.