Taxação de 25% sobre o aço e o alumínio imposta por Trump preocupa categoria metalúrgica
Sindicato alerta que medida não pode ser usada pelas empresas para gerar demissões
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Uma notícia internacional gerou grande preocupação na categoria metalúrgica esta semana, trata-se de mais uma medida extrema do presidente norte-americano. Donald Trump, assinou na última segunda-feira, 10, ordens executivas que impõem tarifa de 25% sobre alumínio e aço a partir de 12 de março. A medida afeta diretamente o Brasil, o segundo maior fornecedor de aço aos Estados Unidos, atrás apenas do Canadá.
A justificativa apresentada por Trump é aumentar a produção local e, consequentemente, diminuir a entrada no país dessas commodities que são produzidas no exterior. Ao impor uma tarifa maior, gera-se uma barreira comercial que desestimula importações.
O diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, lembra que a exportação de aço para os Estados Unidos tem um peso importante na balança comercial e pontua que a decisão prejudica diretamente os trabalhadores brasileiros. “Essa é uma decisão unilateral que prejudica, não só os interesses do país, não só as empresas, mas principalmente os trabalhadores”.
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O dirigente destacou que o Sindicato está atento e que vai cobrar empresas e o governo federal para essa medida não gere demissões no Brasil. “Essa taxação não pode ser usada pelas empresas aqui para gerar demissões e rebaixamento salariais. Já se fala na imprensa que o aumento vai fazer com que as empresas reduzam a produção de aço e alumínio e que vai gerar desemprego. Não é aceitável, temos que combater, precisamos buscar alternativas para que isso não aconteça”, frisou.
Guerra Comercial
O dirigente ressaltou outro ponto que considera crucial: a preocupação com o impacto na reindustrialização. “Temos a preocupação de que essa guerra comercial do aço impacte realmente no processo de reindustrialização brasileira, porque a tendência é que, por ser uma commoditie, as empresas passem a comercializar esse aço num valor maior, mesmo tendo a oferta no mercado brasileiro”. O que pode ocorrer, segundo ele, é as indústrias diminuírem a produção para aumentar o preço.
“Existe o risco de deixarmos de exportar aço e aumentarmos a exportação de minério de ferro. Nesse caso, deixamos de agregar valor ao produto, o que diminui o valor na balança comercial, além do impacto nos empregos”, analisou.
Exportações em números
Em 2024, de acordo com o Departamento de Comércio dos EUA, o Canadá exportou 6 milhões de toneladas para os EUA. Em seguida, vem o Brasil com 4,1 milhões de toneladas e depois o México, que enviou 3,2 milhões de toneladas de aço para os EUA no ano passado.
O Brasil é o nono maior produtor de aço bruto do mundo, atrás de China, Índia, Japão, EUA, Rússia, Coreia do Sul, Alemanha e Turquia. Os EUA são, de longe, o maior mercado para produtos siderúrgicos do Brasil. O Brasil exporta para os EUA 12 vezes mais do que para a Europa e seis vezes mais do que para a América Latina.
Já em relação ao alumínio, outro produto alvo de tarifas anunciadas por Trump, o Brasil é o 14º maior fornecedor para os EUA, segundo dados do departamento de Comércio dos EUA.