Direção do Sindicato dá respaldo a trabalhadores acampados em frente à Movent
Pedido de recuperação judicial foi arquivado. Assembleia para definir os próximos passos está marcada para terça-feira, 25
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Preocupados com os rumos da empresa Movent, em Diadema, desta feita sem produção desde dezembro, trabalhadores e trabalhadoras montaram acampamento em frente à fábrica no início desta semana. Na manhã de ontem, membros da direção executiva do Sindicato estiveram no local para dialogar com a companheirada e convocar para a assembleia na qual serão decididos os próximos passos da luta. O encontro será na próxima terça-feira, dia 25, às 15h, na Regional Diadema.
A assembleia contou com a presença de vereadores do Partido dos Trabalhadores e de representantes sindicais que prestaram solidariedade àqueles que vem sofrendo com as irregularidades cometidas pela direção da fábrica.
O coordenador da Regional Diadema, Antonio Claudiano da Silva, o Da Lua, explicou que o pedido da empresa por recuperação judicial foi anulado na justiça e que desde então a postura do Sindicato mudou. O dirigente também acusou a administração da fábrica de promover uma gestão de má fé.
“Após a anulação do pedido de recuperação judicial, tudo aquilo que vinha sendo feito aqui, agora estamos tratando de outra forma, precisamos lutar e resistir de outra maneira. A direção do nosso Sindicato, junto ao nosso departamento jurídico, está acompanhando de perto a situação”, declarou aos companheiros e companheiras em vigília para que nada seja retirado da fábrica.
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“Nosso objetivo é lutar até o fim para que seja possível reverter a situação. A direção da empresa não é séria, eles dilapidaram o patrimônio, perderam os clientes, não pagam fornecedores. Já com relação aos trabalhadores, não pagam Fundo de Garantia, não pagam 13º, não pagam salário. Não estamos lidando com amadores, eles agem de caso pensado com o intuito de arrancar tudo”.
O coordenador da Regional Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Marcos Paulo Lourenço, o Marquinhos, lembrou que é urgente a punição para esses grupos empresariais. “Infelizmente a nossa base está empesteada desses grupos que sugam tudo e vão embora, eles não querem investir, só querem tirar e deixam um rastro de miséria para os trabalhadores e para a cidade. Eles precisam ser punidos, presos. Vamos fazer essa luta juntos, nosso Sindicato vai brigar por vocês”.
Histórico
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A crise começou em julho de 2018 quando a empresa Dana foi adquirida pelo Grupo Movent. Os atrasos salarias e o não pagamento do FGTS passaram a ser frequentes. Além disso, outros problemas como atrasos em salários, férias, 13º, PLR (Participação nos Lucros e Resultados), plano médico e demais direitos também se tornaram rotina. No início 2023, a empresa mantinha cerca de 440 trabalhadores, contudo, a partir de abril daquele ano, passou a reduzir drasticamente o número de metalúrgicos. Foram 282 demissões em diferentes períodos do ano sem pagamento das verbas rescisórias. Ainda em 2023, a autopeças ingressou com um pedido de recuperação judicial.
Em 2024, a empresa voltou a demitir em massa trabalhadores, com a mesma postura de não pagamento de direitos. Ao longo de todo este período, foram vários acordos celebrados entre Sindicato e Movent, jamais cumpridos integralmente pela empresa.