Trabalhadores na Movent autorizam Sindicato a tomar medidas jurídicas para garantir direitos

Pessoal segue acampado em frente à fábrica, em Diadema, para assegurar que nenhum bem seja retirado de dentro local. Produção está parada desde dezembro

Foto: Cadu Bazilvs

Em plenária realizada na tarde da última terça-feira, 25, na Regional Diadema, os trabalhadores e trabalhadoras na Movent, autorizaram que o Sindicato tome as medidas políticas e jurídicas que assegurem os direitos da companheirada. A reunião teve por objetivo também encaminhar as próximas ações.

Com respaldo dos Metalúrgicos do ABC, parte do pessoal segue acampado em frente à fábrica para garantir que nenhum bem seja retirado de dentro local. A fábrica está com a produção paralisada desde dezembro por falta de matéria prima e outros insumos. Os primeiros indícios da má administração começaram a aparecer em 2018, quando a empresa Dana foi adquirida pelo Grupo Movent. A Justiça, recentemente, rejeitou o pedido de recuperação judicial da empresa em razão das seguidas violações de direitos e má gestão.

O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, criticou a administração da Movent e reforçou que a decisão dos Metalúrgicos do ABC precisa ser assertiva. “A situação poderia ser outra, porque sabemos que a empesa tem capacidade de produzir, tinha uma carteira boa de clientes, o grande problema é que são picaretas que só têm interesse neles. Estou dizendo isso porque nós sempre estamos cobrando em Brasília políticas voltadas para a indústria. Mas precisamos ser realistas e pragmáticos, vamos tomar as medidas necessárias mesmo que os resultados sejam demorados”.

Foto: Cadu Bazilvs

“Diante de tantos problemas, nós resolvemos, mais uma vez, convocar trabalhadores ativos e inativos, ou seja, os que foram demitidos e não receberam suas verbas, para encaminhar novas ações junto à Justiça do Trabalho em relação a execuções desses processos”, esclareceu o coordenador da Regional Diadema, Antonio Claudiano da Silva, o Da Lua.

“Faremos o pedido de penhora de bens e por fim, se for o caso, vamos entrar com o pedido de falência para garantir os direitos desses trabalhadores”, completou.

O dirigente prosseguiu reforçando que o Sindicato fará toda a luta necessária. “Esse processo pelo qual todos estamos passando é muito difícil, mas precisamos ser firmes para garantir que, minimamente, todos tenham seus direitos assegurados.  É algo fundamental que não vamos abrir mão. Vamos lutar até o fim, com as armas políticas e jurídicas para garantir que os bens sirvam principalmente para pagar as verbas devidas a esses trabalhadores e trabalhadoras. Precisamos estar unidos, firmes no propósito e seguindo as orientações do Sindicato”.

Foto: Cadu Bazilvs

Histórico

A crise começou em julho de 2018 quando a empresa Dana foi adquirida pelo Grupo Movent. Os atrasos salarias e o não pagamento do FGTS passaram a ser frequentes. Além disso, outros problemas como atrasos em salários, férias, 13º, PLR (Participação nos Lucros e Resultados), plano médico e demais direitos também se tornaram rotina. No início de 2023, a empresa mantinha cerca de 440 trabalhadores, contudo, a partir de abril daquele ano, passou a reduzir drasticamente o número de metalúrgicos. Foram 282 demissões em diferentes períodos do ano sem pagamento das verbas rescisórias. Ainda em 2023, a autopeças ingressou com um pedido de recuperação judicial.

Em 2024, a empresa voltou a demitir em massa trabalhadores, com a mesma postura de não pagamento de direitos. Ao longo de todo este período, foram vários acordos celebrados entre Sindicato e Movent, jamais cumpridos integralmente pela empresa.