Brasil pode ser afetado por medida nos EUA

Além das autopeças que seguem para EUA e abastecem fábricas de veículos no México, montadoras poderão redirecionar investimentos para fábricas americanas

As tarifas de importação no setor automotivo, já em vigor ou em fase de elaboração pelo governo de Donald Trump, também deverão afetar o Brasil. Estados Unidos e México são, respectivamente, o segundo e terceiro maiores mercados de exportação da indústria de autopeças no Brasil. Somaram, em 2024, US$ 2,294 bilhões, o equivalente a 29,2% de toda a receita obtida com exportação pela indústria de componentes no Brasil.

A tarifa de 25% para veículos importados pelos EUA já provoca impacto à medida que o Brasil envia componentes para abastecer as linhas de montagem do México. Com US$ 923 milhões, o México representou 11,8% do faturamento obtido pela indústria de autopeças brasileira no mercado externo em 2024. O quadro tende a piorar assim que o governo americano definir tarifas para autopeças importadas, como já acenou.

No caso, a futura taxação tornaria mais caras as peças que o Brasil envia para o mercado americano. Com US$ 1,37 bilhão em 2024, os EUA representaram 17,5% da receita obtida com exportações, em 2024, pelas autopeças do Brasil. O mercado americano ficou atrás apenas da Argentina, responsável por 34,6% das divisas obtidas no ano passado. O setor está em compasso de espera por notícias piores. Em nota, o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes Automotivos (Sindipeças) disse ver as medidas “com preocupação”.

O efeito das novas taxas no Brasil não ocorre apenas pelo lado das autopeças. Embora as fábricas de veículos instaladas no Brasil não exportem para os EUA, segundo maior mercado de veículos do mundo, as novas medidas provocam um forte impacto financeiro nas montadoras, o que tende a afetar a capacidade de investimento do setor em todo o mundo, incluindo o Brasil.

Do Valor Econômico