Hub de montadoras no Ceará avança como chance de driblar turbulência tarifária internacional
Novo empreendimento será voltado para carros híbridos e elétricos e mira benefício do IPI Verde
O Ceará está um passo mais perto de voltar a fabricar automóveis. O Ministério do Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços publicou no Diário Oficial da União (DOU), na quarta-feira (26) uma certidão para o funcionamento do Polo Automotivo do Ceará. O empreendimento vai operar sob um modelo que permite que várias montadoras façam seus veículos no mesmo complexo industrial. Na prática, é uma forma de contornar a turbulência tarifária internacional.
O documento habilita o equipamento ao regime automotivo de desenvolvimento regional, que garante uma série de incentivos fiscais para incentivar a descentralização de unidades da indústria automotiva no país. “Isso significa que a empresa que apresentou a proposta tem agora a garantia dos benefícios fiscais para que ela se instale no polo e passe a produzir veículos no nosso Estado. Serão carros modernos, elétricos e híbridos fabricados no Ceará”, afirmou o governador do Estado, Elmano de Freitas.
Até o momento, a montadora já fechou acordo para produção de seis modelos híbridos ou elétricos para três marcas estrangeiras. A escolha dos modelos não é por acaso e mira a regulamentação do IPI Verde, prevista no âmbito do programa Mobilidade Verde. O IPI Verde garante a redução de tributação sobre veículos mais sustentáveis, considerando a fonte de energia do automóvel, o consumo energético, a potência do motor, a reciclabilidade e o desempenho estrutural. As negociações para a publicação da medida estão avançadas.
Além disso, o complexo industrial funcionará sob a sistemática multimarcas, inédito no Brasil, mas que já opera em outros mercados internacionais e permite que diversas empresas do setor produzam seus veículos dentro do mesmo complexo industrial. Esse modelo de produção é uma forma de driblar as taxações de importação por parte das grandes marcas, especialmente as chinesas, principal alvo da guerra tarifária imposta pelo governo norte-americano de Donald Trump.
Da Folha de São Paulo