Brasil desmatará 46 campos de futebol por mês para suprir carros elétricos da União Europeia, aponta estudo

País é fonte de minérios necessários para as baterias dos novos veículos

O Brasil perderá uma área florestal correspondente a 46 campos de futebol por mês nos próximos 25 anos, ou seja, 13,9 mil hectares, para abastecer a demanda por EVs (veículos elétricos) na União Europeia, se o mercado continuar como está, indica estudo publicado nesta quarta-feira (7). O relatório, encomendado pelas organizações Fern e Rainforest Foundation Norway, foi lançado durante o Fórum da OCDE sobre mineração responsável.

Os EVs, que são movidos a bateria e não utilizam combustível fóssil, são considerados centrais para que a UE cumpra o Pacto Verde Europeu (Green Deal, em inglês) e alcance a neutralidade de emissão de gases do efeito estufa até 2050. Para que funcionem, porém, as baterias precisam de minerais que armazenem a eletricidade utilizada pelo motor. Lítio, cobre, níquel, cobalto, bauxita, ferro, fosfato e manganês estão entre os chamados minerais críticos para a transição energética.

O estudo estima que a demanda média anual por metais para esses veículos na UE será de aproximadamente 23 milhões de toneladas por ano até meados do século. As baterias movidas a lítio, níquel e cobalto (NMC 811) dominam o mercado europeu. Caso isso se mantenha até 2050, seriam destruídos 118 mil hectares de florestas em todo o mundo para suprir a demanda da Europa pelos EVs, segundo o estudo. O número equivale a 18 campos de futebol de floresta sendo devastados por dia pelos próximos 25 anos.

Os pesquisadores projetaram o desmatamento causado pela mineração em três diferentes cenários. No primeiro, os EVs utilizam diferentes tecnologias de bateria; no segundo, todos os veículos utilizam baterias NMC 811; e no terceiro, todos utilizam baterias movidas a lítio, ferro e fosfato (LFP). Nos dois primeiros, a Indonésia seria o principal país prejudicado (com 42% e 63% do desmatamento), seguido pelo Brasil (18% e 11%). No terceiro quadro, o Brasil (36%) seria o país mais prejudicado e a Indonésia não participaria. Em todos os cenários, a Europa sofreria com menos de 1% do desmatamento.

Da Folha de São Paulo