Sindicato completa 66 anos de lutas, conquistas e na busca por uma sociedade mais justa para toda a classe trabalhadora
Para além das pautas da categoria, Metalúrgicos do ABC têm história de protagonismo e solidariedade

O dia 12 de maio é uma data histórica que deve ser lembrada por toda a categoria metalúrgica. Foi nesse dia que nasceu um dos maiores e mais influentes sindicatos da América Latina: o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Fundado em 1959, o Sindicato completou ontem 66 anos de existência.
O secretário-geral dos Metalúrgicos do ABC, Claudionor Vieira, relembrou momentos marcantes dessa trajetória, entre eles as grandes greves no final dos anos 1970 e início dos anos 1980; o protagonismo na luta pela redemocratização do país; a eleição de Lula, um operário como presidente da República; e a contribuição para a criação do PT e da CUT.
“Do ponto de vista histórico, é um período curto, mas conquistamos avanços que impactaram não só a categoria metalúrgica, mas toda a classe trabalhadora. Foram muitas lutas importantes por melhores condições de trabalho e salários, além da organização dos trabalhadores no chão de fábrica. Isso se deu por meio das Comissões de Fábrica e, mais adiante, dos Comitês Sindicais de Empresa, modelo que democratiza as relações de trabalho porque estabelece um contato direto entre os trabalhadores, a empresa e o Sindicato”.
Muito além das lutas imediatas

Claudionor destacou também o protagonismo do Sindicato na construção de grandes acordos coletivos que mudaram a vida dos trabalhadores. “É para isso que serve um sindicato atuante e comprometido. O Sindicato assumiu e continua assumindo esse protagonismo. Cada período tem sua história, seus desafios, mas nunca menor do que antes”.
“Não lutamos apenas por melhorias dentro das fábricas, que são fundamentais, mas também assumimos a responsabilidade de lutar por uma sociedade melhor, mais justa, igualitária e humana. Se não fosse assim, não faria sentido elegermos um metalúrgico, um operário, um ex-presidente do Sindicato como presidente da República”, enfatizou.
Desafios
O dirigente fez questão de destacar as lutas das gerações que vieram antes e ressaltou os desafios. “Historicamente, essas pessoas que lutaram 66 anos atrás acreditavam em uma sociedade melhor, com direitos e liberdade, algo impossível sob a ditadura militar. As lutas das gerações passadas nos permitem estar aqui hoje”.

“Nossa grande responsabilidade é garantir que as próximas gerações possam contar com um sindicato forte, atuante e protagonista. Muitas daquelas pessoas que ainda estão entre nós seguem na luta, porque a sociedade com que sonhavam, embora tenha avançado, ainda está longe de ser uma sociedade mais humana”.
Claudionor mencionou também como desafios a ampliação dos direitos e a busca por novas conquistas. “Precisamos avançar na pauta da redução da jornada sem redução salarial, no fim da escala 6×1, na isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Enfim, é necessário criar condições mais humanas de trabalho”.
Como tudo começou
A ampliação do parque industrial ocorrida na década de 50 transformou rapidamente o ABC. São Bernardo passou a ter uma base metalúrgica maior do que a de Santo André após sua emancipação em 1957. Não havia mais sentido um único sindicato abranger toda a região.
Um grupo de ativistas se mobilizou para formar a Associação Profissional dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico de São Bernardo do Campo e Diadema, o que, pela legislação, deveria preceder à formação de um sindicato. Lino Ezelino Carniel, primeiro presidente e sócio nº 1 do então futuro Sindicato, começou a traçar ideias com Anacleto Potomatti, Orisson Saraiva de Castro e Alcides Borsoi, também membros da primeira direção. Publicou-se edital no jornal Última Hora nos dias 27, 28 e 29 de abril de 1959 e, no dia 12 de maio do mesmo ano, fundou-se a Associação.