Em maré alta de juro SUV nada de braçadas

Até que demorou para o juro alto começar a sabotar o crescimento do mercado de veículos no País, mas segundo apontam os mais recentes números as vendas estão andando de lado, dão seus primeiros sinais de retração após um primeiro quadrimestre razoável. A queda, contudo, atinge especialmente os carros mais baratos, pois os SUVs seguem nadando de braçadas na maré alta dos juros.

Com poucas opções que começam na faixa de R$ 100 mil a R$ 120 mil e muitos modelos que passam dos R$ 150 mil e chegam facilmente aos R$ 200 mil, os SUVs dominam o mercado brasileiro e seguem crescendo porque têm clientes que podem comprá-los, apesar do alto custo dos financiamentos. No primeiro quadrimestre deste ano as vendas de veículos leves cresceram apenas 3,4% em comparação com o mesmo período de 2024 – e se tirar os utilitários da conta e considerar apenas os automóveis o avanço é ainda mais tímido, de 2%.

Quase toda a tímida expansão do mercado de veículos leves foi puxada por produtos importados, com alta de quase 19% nos primeiros quatro meses do ano, enquanto o desempenho dos modelos nacionais foi de 0%. Não por acaso a maior alta do período, de 28%, foi dos carros importados da China, elétricos e híbridos que em geral custam acima dos R$ 150 mil.

Ou seja: tem mais gente competindo em um mercado que não sai do lugar e está sendo ocupado por produtos de valor relativo alto para os padrões de renda nacional, o que desfavorece o tão almejado aumento da motorização do País. No cenário em que só os mais abastados conseguem comprar um carro zero-quilômetro atualmente os SUVs, mesmo cobrando muito pelo que oferecem, ampliaram ainda mais seu domínio. Segundo dados do Renavam consolidados pela Fenabrave, de janeiro a abril foram emplacados no País 296,9 mil SUVs de todas as marcas e de todos os tamanhos, o que representou alta de 16,4% sobre igual intervalo de 2024.

Da AutoData – Pedro Kutney