Guia alimentar para a população brasileira

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Nos últimos 15 anos houve uma mudança na alimentação. Por décadas, o ensino, a pesquisa e as políticas de nutrição eram baseadas em uma linha de pensamento centrada em nutrientes: os alimentos eram classificados por seu conteúdo de macro e micronutrientes, e as orientações nutricionais visavam garantir a ingestão de quantidades mínimas de carboidratos, proteínas e gorduras.

Observou-se no período, diminuição das epidemias de doenças infecciosas e piora das doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, além dos quadros de sobrepeso e obesidade. Foi identificada também a substituição das refeições produzidas em casa por opções prontas ou pré-prontas.

A investigação dessa nova dieta e de seus efeitos na saúde levou à criação da Classificação Nova de Alimentos. Feito em 2009 pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo, o sistema organiza os alimentos segundo o grau e finalidade de processamento, criando quatro categorias (Alimentos in natura ou Minimamente Processados, Ingredientes Culinários, Alimentos Processados e Alimentos Ultraprocessados). Desde então, pesquisadores em todo o mundo vêm produzindo evidências de que o consumo de alimentos ultraprocessados está associado a um maior risco de desenvolvimento de uma série de doenças crônicas.

Da academia para o ambiente político, a Classificação Nova sofreu um processo de translação facilitado pela segunda edição do Guia Alimentar para a População Brasileira. Esse documento oficial do Ministério da Saúde adotou a classificação como base para suas diretrizes alimentares. Sua regra de ouro resume seu espírito: “Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados”. Depois do nosso pioneirismo, vários países chegaram às mesmas conclusões que as nossas, mudando suas políticas alimentares, sendo exemplos Uruguai, Peru, Equador, México, Chile Canadá e Índia. Ciência brasileira, exemplo mundial.

Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente