Metalúrgicos do ABC lideram debate sobre transição justa com propostas que serão levadas a Brasília e à COP 30

Atividade reuniu a base para pensar, de forma propositiva, o futuro da indústria com justiça social, geração de empregos e sustentabilidade

Foto: Igor Andrade

O Sindicato sediou, nos dias 28 e 29 de maio, o primeiro encontro do Laboratório de Futuros: Co-criação para uma Transição Justa, iniciativa da Aurora LAB com metodologia da organização Procomum. Realizado no Centro de Formação Celso Daniel, em São Bernardo, o evento reuniu trabalhadores e trabalhadoras para debater os rumos da descarbonização e da transição climática no Brasil, com foco especial nos impactos sobre o setor automotivo.

As propostas construídas durante as atividades — que abordaram temas como qualificação profissional, proteção ao emprego, educação climática, intercâmbio de saberes e políticas públicas que integrem preservação ambiental e desenvolvimento social — serão levadas a Brasília e à COP 30, conferência climática da ONU (Organização das Nações Unidas), que acontecerá em novembro, no Pará.

Foto: Adonis Guerra

Durante os dois dias, a programação contou com rodas de conversa, oficinas práticas e dinâmicas colaborativas que colocaram a classe trabalhadora no centro do debate sobre o futuro da indústria e da sustentabilidade. O objetivo foi construir caminhos concretos para uma transição energética justa, capaz de enfrentar a crise climática sem deixar os trabalhadores para trás.

O diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, destacou a coerência entre a iniciativa e as lutas históricas da entidade. “É importante reforçar que essa é uma pauta na qual o Sindicato tem atuado de forma firme. A descarbonização precisa estar atrelada à preservação ambiental e ao desenvolvimento nacional, por meio de soluções locais e sustentáveis”, afirmou.

Publicação

Foto: Igor Andrade

Wellington também assina o artigo “Transição justa na rota da eletrificação: trabalho, clima e o futuro da indústria brasileira”, publicado na coletânea Diálogos sobre Trabalho e Clima, da Aurora LAB. No texto, ele enfatiza que a eletrificação do transporte, embora essencial para reduzir os cerca de 20% das emissões de gases de efeito estufa atribuídas ao setor, não pode ser encarada apenas como substituição tecnológica.

“A descarbonização deve ser ambiental, sim, mas também social e econômica”, afirma. O dirigente alerta que a eletrificação pode reduzir postos de trabalho, já que veículos elétricos demandam menos peças e menor mão de obra na montagem. Ao mesmo tempo, aponta que o processo pode gerar novas ocupações — como na produção de baterias, manutenção especializada, desenvolvimento de software e infraestrutura de recarga — desde que haja planejamento e investimentos.

Ele defende que essas oportunidades só serão concretizadas com articulação entre Estado, empresas, sindicatos e academia. “Precisamos de políticas industriais robustas, incentivo à produção nacional, qualificação profissional permanente e valorização da negociação coletiva. Não há justiça climática sem justiça social. E não haverá economia de baixo carbono sólida e resiliente sem valorização do trabalhador e da indústria nacional”, conclui.

A publicação Diálogos sobre Trabalho e Clima está disponível em aurora-lab.org.