Para aumentar números, indústria chinesa exporta carros novos como usados

Reportagem da Reuters mostra que prática conta com apoio inclusive de governos regionais

Em longa e apurada reportagem publicada na terça-feira, 24, a agência Reuters denuncia que há anos montadoras chinesas exportam carros novos como se fossem usados para diversos países. A prática teria inclusive apoio de governos regionais da China e serviria para aumentar a ocupação das linhas de montagem e desovar produtos de baixa aceitação no mercado local, como os movidos a gasolina.

Os carros “usados” saem direto das fábricas para a Rússia e países da Ásia Central e Oriente Médio, afirma a agência de notícias, após análise de documentos governamentais e entrevistas com concessionárias e revendedores de veículos em várias localidades. Assim que é fabricado, o carro novo é comprado por exportador diretamente da montadora ou de uma concessionária da marca. Após a transação, o comprador registra uma placa chinesa para aquele determinado veículo que na verdade já tem seu pedido de exportação encaminhado como usado.

De outro lado, a montadora registra o carro como vendido e informa a receita. A simulação ganhou maior repercussão depois que a imprensa chinesa apontou, na semana retrasada, que o mercado chinês também estava sendo abastecido por carros “usados” que nunca rodaram, o que tem servido como munição extra na guerra interna por preços cada vez menores. Por meio de documentos governamentais, a Reuters identificou que duas dezenas de governos locais apoiam a exportação desses veículos “usados”.

Para isso, lançam mão de vários artifícios, como cotas extras para registros locais de veículos, agilização de pedidos de reembolso de impostos, investimento em armazéns para carros próximos das fronteiras e portos e até financiamento de eventos voltados a incentivar os embarques. “O apoio por parte dos governos locais faria pouco sentido fora da economia planejada da China. Mas, neste caso, demonstrar rápido crescimento nas vendas e no emprego pode gerar promoções ou desbloquear novos financiamentos”, afirma a reportagem.

Do AutoIndústria