Indústria de carros acelera no Brasil com seis novos fabricantes — e o Ceará testa seus limites
O Brasil voltou a figurar entre os dez maiores produtores de carros do mundo. Em 2024, o país reassumiu a 8ª posição no ranking global, segundo a Anfavea, com cerca de 2,5 milhões de veículos produzidos. E esse número pode crescer: seis novas montadoras chinesas — BYD, GAC, Geely, GWM, Leapmotor e Omoda Jaecoo — anunciaram planos de abrir fábricas ou linhas de montagem por aqui.
Caso todos os projetos avancem, o país pode saltar de 25 para 31 linhas de montagem, espalhadas por 23 municípios em oito estados. Hoje, 13 fabricantes produzem 61 modelos diferentes de automóveis e comerciais leves. A nova leva de fábricas aponta para uma corrida por veículos híbridos e elétricos, incentivos fiscais e corredores logísticos competitivos. Para as marcas, o Brasil se consolida como base de produção para América Latina, EUA e Europa.
Até aqui, o Ceará sempre ficou de fora dos grandes mapas da indústria automotiva. Agora, tenta ocupar um espaço com o complexo industrial de Horizonte, na Região Metropolitana de Fortaleza, onde funcionava a antiga fábrica da Troller (Ford). A proposta, liderada pela Comexport, é transformar o local em uma montadora multimarcas — algo raro no Brasil — com foco em veículos híbridos e elétricos, atraindo fabricantes estrangeiras, principalmente chinesas.
Diferente de um polo automotivo tradicional, que reúne fornecedores, fabricantes de autopeças, novos clusters logísticos e milhares de empregos diretos na linha de produção, o modelo em Horizonte é muito mais enxuto. Na prática, é um modelo de negócios mais flexível, mas que não cria, sozinho, um polo industrial robusto com efeitos em cascata na economia regional. Em resumo, o Brasil vive uma nova largada no setor automotivo. O Ceará, por enquanto, entra como expectativa — mas o modelo atual não garante um polo tradicional, e o desafio é transformar uma linha de montagem enxuta em algo maior.
Do Focus Poder