“Hoje, infelizmente, temos um Congresso contra os trabalhadores”

Presidente dos Metalúrgicos do ABC critica Congresso e cobra justiça tributária

Foto: Divulgação

O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, fez duras críticas à atual postura do Congresso Nacional e à falta de compromisso com os interesses da classe trabalhadora. O dirigente apontou que o comportamento dos parlamentares não surpreende e confirma alertas feito pelo Sindicato antes das eleições.

“A postura do Congresso Nacional, que tem chamado muita atenção no último período, não é surpresa. Nós sempre dissemos aqui, no diálogo com os trabalhadores, que não é somente importante eleger um executivo que tenha compromisso com os trabalhadores do país, mas também um legislativo que tenha esse compromisso”, afirmou.

Segundo ele, o perfil majoritário do atual Congresso representa interesses opostos aos da população trabalhadora. “O Congresso, na sua maioria dos membros que foram eleitos, representa o projeto dos patrões, dos mais ricos, dos mais abastados”.

Apesar dessa dificuldade, Moisés reconheceu a importância do diálogo com o Executivo, ainda que haja forte resistência na base parlamentar. “Temos sempre a esperança que, pela forma como é o governo, e pelo fato de não termos maioria, o diálogo e a negociação prevaleçam, para que se possa buscar caminhos que contemplem os trabalhadores”.

Pautas engavetadas

Foto: Adonis Guerra

Entre as principais críticas feitas pelo presidente, está o engavetamento de pautas fundamentais para a classe trabalhadora. “Vejamos, pauta colocada lá para redução da jornada, seja o fim da escala 6 por 1 ou a redução de jornada sem redução de salário, está engavetada, ninguém se mexe. A pauta relacionada ao Imposto de Renda, para que a gente pague menos imposto, também não caminha, porque eles não têm interesse que caminhe a pauta dos trabalhadores”.

Por outro lado, enfatizou como os parlamentares reagem com rapidez e indignação quando surgem propostas de interesses das elites econômicas. “Quando aparece uma pauta que mexe com os mais ricos, aí eles se movimentam, ficam nervosos. Não pensam no país, pensam somente naqueles que têm mais dinheiro, aqueles milionários que não pagam impostos. E isso é uma vergonha”.

O presidente do Sindicato reforçou que a luta por justiça tributária deve ser coletiva e organizada. “Nós, trabalhadores que produzimos a riqueza, temos que continuar lutando por justiça tributária. E essa luta não se faz com um, se faz com o conjunto da classe trabalhadora. Temos que nos organizar, nos unir e mostrar, com clareza, que aquela casa legislativa tem que ser a casa do povo”.

Consciência política

Moisés também cobrou mais consciência política da população nas próximas eleições. “Muitos de vocês estão lendo essa matéria e com certeza não lembram o deputado em quem votaram. Peço que pesquisem, vejam como ele votou na questão de taxar os mais ricos. Temos que participar da política para que ela ajude os mais pobres, ajude os trabalhadores, e não beneficie uma pequena parcela da sociedade que tem muito dinheiro”.

“Falam tanto de déficit, de buscar equilíbrio nas contas, mas quando é proposto que os ricos paguem imposto, eles ficam nervosos, raivosos, e mostram a verdadeira face do Congresso. Hoje, infelizmente, é um Congresso contra os trabalhadores. Não podemos baixar a cabeça. Temos que denunciar isso e lutar para eleger, nas próximas eleições, companheiros e companheiras que tenham compromisso conosco. Seguimos em frente. Vamos pra cima!”, finalizou.