Hospitalização e enchentes

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Um grupo internacional de pesquisadores investigou os impactos duradouros de enchentes e inundações na saúde pública. Foram analisadas contagens diárias de hospitalizações entre 2000 e 2019, em 747 cidades e comunidades da Austrália, Brasil, Canadá, Chile, Nova Zelândia, Taiwan, Tailândia e Vietnã. De acordo com a publicação, os riscos de hospitalização aumentaram e persistiram por até 210 dias após a exposição a enchentes.

Além de casos imediatos como afogamento, eletrocussão e hipotermia, as enchentes elevam o RRC (Risco Relativo Cumulativo) para dez diferentes doenças, com aumento geral de 26% nas ocorrências.

“São doenças tardias porque a chuva passa, mas o problema não termina. Primeiro, vêm as febres: leptospirose, diarreia, hepatites. Em seguida, percebe que tudo o que conquistou se perdeu. Isso não faz bem para o coração, traz estresse, tristeza, depressão, altera a nossa biologia”, afirma Paulo Saldiva, médico patologista e professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

Segundo a pesquisa, o RRC foi maior para diabetes (61%), doenças renais (40%), lesões e doenças cardiovasculares (35%), câncer e transtornos do sistema nervoso (34%). Também foram identificados aumentos nos riscos de doenças respiratórias e digestivas (30%), doenças infecciosas (26%) e transtornos mentais (11%).

Uma das hipóteses levantadas para explicar os efeitos prolongados é a contaminação do sistema de abastecimento de água, que pode favorecer doenças digestivas e facilitar a disseminação de agentes infecciosos. Enchentes criam ambientes ideais para a proliferação de fungos, bactérias e vetores como mosquitos e ratos.

Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente