Brasil: produção de elétricos gera mais empregos mesmo com menos peças

Estudo do ICCT mostra que cadeia dos VEs tem maior peso industrial e maior geração de renda no Brasil

Contrariando o senso comum, a transição para veículos elétricos não significa perda de empregos na indústria automotiva. Um estudo divulgado em junho de 2025 pelo ICCT (Conselho Internacional de Transporte Limpo) mostra que, apesar de os VEs terem menos componentes que os veículos a combustão (VCs), sua produção pode gerar mais empregos e renda para a economia brasileira.

Intitulado A transição da indústria brasileira para veículos elétricos e seus efeitos em emprego e renda, o relatório foi elaborado em parceria com a USP (MADE) e a Unicamp (IE). O trabalho comparou dois cenários até 2050: um de continuidade dos motores a combustão, com aumento no uso de biocombustíveis (Cenário Base), e outro com crescimento acelerado dos elétricos e nacionalização parcial das baterias (Cenário Eletrificação).

Segundo os pesquisadores, a estrutura de custos dos veículos elétricos não reduz a complexidade produtiva da indústria. Embora os VEs utilizem sistemas mecânicos mais simples, a bateria sozinha representa cerca de 32% do custo do veículo — e seu processo produtivo depende de etapas sofisticadas, como a manufatura de células, módulos e integração com o sistema eletrônico de controle.

Além disso, setores industriais relacionados, como equipamentos elétricos, eletrônica embarcada, sistemas de gestão térmica e motores elétricos, ganham peso na cadeia produtiva com a eletrificação. Isso faz com que, mesmo com menos peças, o VE demande intensidade industrial similar ou superior à dos veículos convencionais. O estudo também observa que, no cenário de eletrificação, o conteúdo industrial nacional pode crescer — especialmente se houver políticas de fomento à produção de baterias e componentes eletrônicos no país.

Do InsideEVs