Sindicato cobra e governo atende: IPI Verde é avanço para o setor automotivo e trabalhadores
Medida vale até dezembro de 2026 e atende cobrança histórica dos Metalúrgicos do ABC por política industrial com geração de empregos e sustentabilidade

Os Metalúrgicos do ABC sempre estiveram atentos às mudanças no setor automotivo e, desde o início da discussão sobre transição energética e reindustrialização, cobraram do governo federal medidas concretas para estimular a produção nacional com responsabilidade ambiental e garantia de empregos. Uma dessas conquistas veio com o decreto presidencial que zera o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na última quinta-feira, 10, para veículos sustentáveis produzidos no Brasil.
A medida integra o Programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), que tem como objetivo descarbonizar a frota nacional, incentivar a inovação e fortalecer a indústria com base em critérios de sustentabilidade. O decreto foi lançado em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, com a presença do vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, de ministros, parlamentares, lideranças sindicais e representantes das montadoras.

Ao participar do evento, o presidente dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, celebrou o avanço. “Quero, em nome do Sindicato e dos trabalhadores do nosso setor, saudar mais essa iniciativa do governo federal. É isso que chamamos de política pública: estimula a produção nacional, promove a inovação e abre caminho para uma reindustrialização com responsabilidade ambiental, que tanto precisamos”.
Pelo decreto, o carro sustentável com IPI zero precisa cumprir requisitos como emitir menos de 83g de CO₂ por quilômetro, ter mais de 80% de materiais recicláveis, ser fabricado no Brasil (com etapas como soldagem, pintura, motor e montagem) e estar na categoria de entrada (compacto). A medida vale até dezembro de 2026.
Força produtiva

Moisés destacou o papel dos trabalhadores nesse processo. “Estamos falando de um setor estratégico, que emprega mais de 1,3 milhão de pessoas no Brasil. Mas essa transformação precisa envolver quem produz com as próprias mãos o futuro do país”.
Para os demais veículos, a nova tabela de IPI parte de uma alíquota base (6,3% para carros de passeio e 3,9% para comerciais leves), com variações conforme eficiência energética, potência, reciclabilidade e segurança. Carros com melhor desempenho terão descontos, e os menos eficientes pagarão mais imposto. A estimativa é que 60% dos veículos vendidos tenham redução de IPI, sem impacto fiscal.
Montadoras como GM, Renault, Volkswagen, Hyundai e Stellantis já solicitaram ao governo o credenciamento de modelos populares como Onix, Kwid, Polo, HB20, Argo e Mobi.
“Desde 2023, os anúncios de investimento no setor automotivo já somam mais de R$ 125 bilhões. Isso mostra nossa força produtiva, mas é fundamental garantir isonomia em todos os sentidos: na concorrência, na cadeia produtiva e nas relações de trabalho”, pontuou Moisés.
O dirigente reforçou ainda a importância do diálogo com os sindicatos e da negociação coletiva para garantir empregos de qualidade. “Não podemos aceitar disparidades nas condições de trabalho. É preciso discutir redução da jornada, conteúdo nacional e formação profissional. O envolvimento dos sindicatos é essencial para uma transição justa”.
Participaram do evento o diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno; o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Aroaldo Oliveira da Silva; a secretária de Formação da CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), Maria do Amparo Travassos; e o secretário-geral da FEM-CUT/SP (Federação Estadual dos Metalúrgicos), Max Pinho.