Tarifa de 50% em produtos brasileiros acirra tensão comercial e política
Desde 6 de agosto está em vigor o decreto do presidente estadunidense Donald Trump, que impõe tarifas adicionais de 40% sobre produtos brasileiros e que, somadas aos 10% anunciados inicialmente, totalizam 50% de imposto de importação aplicado pelos Estados Unidos.

Trump publicou o decreto com uma lista de exceção de quase 700 produtos, o que deve reduzir o impacto previsto caso as tarifas fossem aplicadas integralmente.
Todavia, essa decisão totalmente unilateral representa uma clara investida econômica e política contra o Brasil, que deve anunciar, nesta semana, medidas de proteção e suporte aos segmentos mais impactados, sem adotar, de imediato, as chamadas
medidas de reciprocidade — que elevariam o imposto de importação sobre produtos norte-americanos destinados ao Brasil.
A tarifa cheia de 50% segue valendo para itens importantes das nossas vendas externas, como café, carnes, frutas, têxteis, calçados e máquinas; já na lista de exceções constam produtos metalúrgicos, aeronáuticos, do agronegócio e do setor energético. Vale lembrar que, no Grande ABC, o maior volume de exportações vem da indústria de transformação, com destaque para os setores automotivo, químico e de defesa.
Algumas empresas já sentem o impacto das tarifas de Trump, com o cancelamento de contratos e embarques. O governo federal estuda medidas como linhas de financiamento aos exportadores, ampliação de prazos para pagamento de tributos, abertura de mercados alternativos e manutenção de empregos nos setores e empresas impactados.
Voltaremos a esse tema após o anúncio dessas medidas. No momento, é sempre importante lembrar a motivação política dessa ofensiva contra o Brasil, evidenciada pelo apoio ostensivo do governo Trump aos golpistas de 2023, por seus ataques contra o Supremo Tribunal Federal e pelas inaceitáveis ameaças à soberania do nosso país.