Dia de mobilização: Metalúrgicos do ABC decidem futuro da Campanha Salarial 2025 dia 28 na Regional Diadema

Ao todo, 13 sindicatos filiados à FEM-CUT/SP representam 190 mil trabalhadores e trabalhadoras, sendo 52 mil no ABC

Fotos: Adonis Guerra

Nesta quinta-feira, 28, os metalúrgicos e metalúrgicas do ABC têm nas mãos uma decisão importante: participar da Assembleia Geral da Campanha Salarial 2025, na Regional Diadema, às 18h, para deliberar se a proposta que os patrões apresentaram atende às reivindicações da categoria. Mais do que discutir reajuste salarial, está em jogo a força da união da classe trabalhadora, a valorização da Convenção Coletiva e a garantia de direitos conquistados com décadas de luta, mobilização e organização.

Ao todo, 13 sindicatos filiados à FEM-CUT/SP (Federação Estadual dos Metalúrgicos), que representa cerca de 190 mil trabalhadores e trabalhadoras no estado – sendo 52 mil na base do ABC – participam da mobilização em todo o estado. A pauta inclui reposição salarial pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), valorização da Convenção Coletiva e reivindicações estruturais, como redução da jornada sem redução de salário, fim da escala 6×1, isenção de Imposto de Renda até R$ 5 mil, combate ao assédio moral e defesa de juros mais baixos, visando proteger famílias e estimular o consumo.

Dirigentes sindicais e representantes dos CSEs (Comitês Sindicais de Empresa) realizaram assembleias em sete fábricas na base nos últimos dias. Em Diadema, a mobilização unificada ocorreu na sexta-feira, 22, na IGP, Parker e Brasmetal; em São Bernardo, na Spray System, Toledo, WEG e ontem, na Mahle.

Mobilização em Diadema

Ricardo Torres Oliveira, o Trakinas, CSE na IGP, destacou a importância da organização e da mobilização. Com a aproximação da data-base, em 1º de setembro, ele ressaltou que a categoria precisa se reunir e deliberar coletivamente os rumos da Campanha. “A história nos mostra que a classe trabalhadora nunca conquistou nada sem luta. Tudo o que temos veio através de organização e mobilização, pontos essenciais para garantir o sucesso desta Campanha”, afirmou.

Na Brasmetal, o CSE Vladimir de Mendonça, o Mineiro, reforçou que a ausência dos trabalhadores nas mobilizações fortalece o patronal e atrasa conquistas. “Quando alguém se afasta da organização, o grupo patronal se fortalece e coloca empecilhos aos avanços que precisamos conquistar”, alertou.

Participação das mulheres

A presença das mulheres também se destacou na assembleia em Diadema. Andrea de Sousa, a Nega, diretora executiva e coordenadora das Comissões do Sindicato, trouxe à pauta o Agosto Lilás, mês de conscientização contra a violência às mulheres. Ela explicou que os coletivos têm promovido rodas de conversa nas fábricas e que, agora, o diálogo precisa envolver também os homens. “Não estamos aqui para apontar dedos, mas para construir soluções juntos. Precisamos nos apoiar para dar um basta nessa realidade inaceitável”, afirmou.

Além da conscientização, o Sindicato promove iniciativas voltadas à qualidade de vida. Nega apresentou o novo convênio com a Flor da Vida, associação sem fins lucrativos que atende quem precisa de tratamento com óleo de cannabis medicinal. Também anunciou a Feira da Beleza, organizada pela Comissão das Mulheres Metalúrgicas do ABC, que ocorrerá neste sábado, 30, como um momento de cuidado e valorização para todas as companheiras.

Luta de todos

O secretário-geral do Sindicato, Claudionor Vieira, contextualizou a Campanha Salarial no cenário econômico e político. Ele lembrou que, mesmo com crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), os patrões buscam maximizar lucros retirando direitos. “No sistema capitalista, eles não se contentam em ganhar muito; querem ganhar tudo. Por isso, precisamos nos manter mobilizados e organizados para defender com firmeza aquilo em que acreditamos, como a jornada de 40 horas semanais e melhores condições de trabalho”, explicou.

Claudionor também criticou o impacto do tarifaço imposto pelos Estados Unidos, que aumenta custos e afeta diretamente os trabalhadores. “Quem manda neste país é o povo brasileiro, não governos estrangeiros”, afirmou.

Em São Bernardo

O coordenador de área, Sebastião Gomes, o Tião, destacou aos trabalhadores na Spray System que o fortalecimento do Sindicato depende da união da categoria. “Nas empresas organizadas, os melhores acordos são fechados, as negociações são mais fáceis e as conquistas maiores. Isso se traduz em qualidade de vida, melhores salários, saúde e segurança no ambiente de trabalho”, explicou.

Nas demais assembleias, os dirigentes enfatizaram ainda a importância da organização local e da participação ativa dos sócios. Na Toledo, o CSE Marivaldo da Rocha Pereira reforçou que “a Convenção Coletiva só se mantém com mobilização”. Na WEG, José Carlos Pereira dos Santos, o Zé da Ponte, lembrou que cada sócio fortalece a negociação. “Quando o patrão percebe que Sindicato e trabalhadores estão unidos, ele negocia; quando não, tudo se torna mais difícil”.

Na Mahle, Marcelo Pereira dos Santos destacou a necessidade de pressionar a direção da empresa a apresentar uma proposta concreta, já que o grupo patronal ao qual pertence tem influência direta nas negociações. Já o coordenador de São Bernardo, Jonas Brito, enfatizou que essas assembleias são essenciais para demonstrar à categoria e ao patronal que os trabalhadores estão prontos para lutar por um aumento digno e pela renovação da Convenção Coletiva.

“A quinta-feira será, portanto, um dia de decisão. Com união, mobilização e disposição para lutar, a categoria mostrará que valoriza seu trabalho e está preparada para garantir direitos conquistados com esforço e dedicação ao longo de décadas de luta”, concluiu Jonas.