Nova lei transforma Setembro Amarelo em política pública permanente em todo país
Organização Mundial de Saúde aponta que mais de um bilhão de pessoas convivem com transtornos mentais no mundo, mas menos de 10% recebem tratamento adequado

Os Metalúrgicos do ABC reforçam: o conhecimento é uma das armas mais poderosas para enfrentar um dos grandes desafios de saúde pública da atualidade — a prevenção do suicídio e da automutilação. Mas não se trata apenas de números ou estatísticas. Estamos falando de vidas, de famílias, de colegas de trabalho, de pessoas que podem estar ao nosso lado, em silêncio, carregando dores que não enxergamos.
Quando a informação correta circula, quando o diálogo se abre e quando a solidariedade se transforma em ação, vidas podem ser salvas. O tema ganhou ainda mais força neste ano com a sanção da Lei 15.199/2025, pelo presidente Lula, publicada no Diário Oficial da União no último dia 9. A lei oficializou a campanha Setembro Amarelo no calendário nacional e instituiu o dia 10 de setembro como Dia Nacional de Prevenção do Suicídio e o 17 de setembro como Dia Nacional de Prevenção da Automutilação.
Com a nova legislação, todos os anos, setembro se tornará um mês de mobilização e cuidado, com palestras, campanhas educativas, atividades em escolas, empresas e comunidades, além da iluminação de prédios públicos em amarelo, cor que simboliza esperança e vida.
Problema que não pode ser silenciado
Os números são duros e não deixam espaço para indiferença. No Brasil, 38 pessoas tiram a própria vida todos os dias. No mundo, mais de um bilhão convivem com transtornos mentais, mas menos de 10% recebem tratamento adequado, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde).
Só em 2024, mais de 470 mil trabalhadores foram afastados por ansiedade, depressão e outros transtornos. Cada afastamento revela não apenas a fragilidade do sistema de saúde, mas também o peso do preconceito e do estigma que ainda cercam a saúde mental.
O chão de fábrica também sente

Para Genildo Dias Pereira, o Gaúcho, coordenador do Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente do Sindicato, o debate precisa atravessar os portões das fábricas. “Esse triste número está diretamente ligado a transtornos como ansiedade, depressão e burnout. A nova atualização da NR-1 [Norma Regulamentadora] determinou que as empresas se adequem para prevenir sofrimentos e adoecimentos psicossociais. Nós, trabalhadores, CIPA e dirigentes sindicais, precisamos ser vigilantes e garantir que essa norma seja implementada. No dia a dia, também é essencial cuidarmos uns dos outros, observar nossos companheiros e, quando necessário, oferecer ajuda e acolhimento”, afirmou.
Acolher é um gesto de resistência
Mais do que uma campanha, o Setembro Amarelo é um chamado à ação coletiva. Às vezes, uma escuta atenta, uma conversa sem julgamento ou um simples gesto de solidariedade podem ser decisivos para salvar alguém que pensa em desistir.
“Cuidar da saúde mental é parte da luta por dignidade, respeito e melhores condições de vida. Assim como a categoria se mobiliza por salários justos e direitos, também é preciso lutar para que nenhum trabalhador ou trabalhadora se sinta sozinho ou invisível. Informar, acolher e apoiar são gestos simples, mas que podem salvar vidas dentro das fábricas, nos lares e comunidades”, avisou Gaúcho.