A tensão permanente entre o neoliberalismo e a democracia

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Para os neoliberais, o oposto de liberalismo é o totalitarismo, que é o controle total de todos os aspectos da vida. A partir desse pressuposto, seria possível tolerar o autoritarismo numa fase de transição para o liberalismo. Por exemplo, uma ditadura como foi a do Chile de Augusto Pinochet (1973-1990), que adotou um programa econômico neoliberal, apesar de toda repressão e cerceamento da liberdade, seria algo tolerável politicamente para os neoliberais.

O que não é tolerável, para os neoliberais, é o que eles chamam de ‘excesso’ de democracia. O que seria esse ‘excesso’ para eles? Seria o perigo do totalitarismo, engendrado pelas maiorias democráticas firmadas na democracia, orientadas pelo princípio da soberania popular (todo poder emana do povo), que demandam cada vez mais proteção social por parte do Estado (previdência, saúde, educação, habitação, transporte, direitos humanos e trabalhistas, segurança, cultura).

Esse conjunto de aspirações populares por políticas públicas, para os neoliberais, transformam o Estado em um ‘monstro’ opressor que regula a economia e todas as esferas da vida humana que, segundo eles, impede a liberdade de prosperidade e competição entre os indivíduos e inibe a expansão das empresas privadas (mercado), que é o motor de uma sociedade livre. 

A crise internacional de 2008 agravou a desigualdade social e gerou uma forte polarização política em várias partes do mundo. Nesse cenário, o encontro entre a extrema direita e o neoliberalismo tem gerado um dos maiores retrocessos civilizatórios nas últimas décadas. Não por acaso, Paulo Guedes foi ao encontro de Bolsonaro para firmar a aliança nefasta entre neoliberalismo e extrema direita em nosso país nas eleições de 2018. O resultado: todos nós sabemos.

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