Povo faz história ao lotar ruas pelo país contra anistia e PEC da Blindagem

Ato na Avenida Paulista reuniu aproximadamente 42,4 mil pessoas. Em Copacabana, Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil se reuniram, depois de 57 anos, para defender a democracia

Foto: Adonis Guerra

O domingo, 21 de setembro, entrou para a história como o dia em que o povo brasileiro tomou as ruas das principais capitais para dar um recado ao Congresso Nacional: a classe trabalhadora rejeita a PEC da Blindagem e a anistia aos golpistas.

As manifestações ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Belo Horizonte, Manaus, Natal, Belém, Brasília, João Pessoa, Recife, Goiânia e em outras cidades do país.

Foto: Adonis Guerra

Na Avenida Paulista, em São Paulo, a multidão, marcada pela diversidade, levou às ruas cores distintas como o verde e amarelo, vermelho e até camisetas com a bandeira da Palestina para protestar. No caminhão de som em frente ao Masp, artistas como Emicida, Nando Reis, Leoni, Otto, Salgadinho e Dexter reforçaram o tom cultural e político da manifestação.

Metalúrgicos do ABC

Foto: Adonis Guerra

Os Metalúrgicos do ABC marcaram presença e destacaram as pautas da classe trabalhadora. “Não podemos aceitar que o Congresso Nacional trabalhe em duas frentes, uma para proteger crimes do passado e outra para blindar crimes do presente. Nem anistia, nem PEC. O que precisamos é reduzir a jornada de trabalho, acabar com a escala 6×1 e aprovar a isenção do imposto de renda para quem ganha até cinco mil reais”, afirmou o presidente do Sindicato, Moisés Selerges.

“O povo brasileiro está de olho no Congresso e não aceitará que parlamentares eleitos para defender os interesses da população legislem em causa própria. O ano que vem tem eleições e temos que eleger parlamentares comprometidos verdadeiramente com os interesses da classe trabalhadora”, completou.

Lideranças políticas e populares

Foto: Divulgação

No caminhão de som, também fizeram falas o padre Julio Lancellotti, a liderança do MST Gilmar Mauro, o presidente nacional do PT Edinho Silva, além de parlamentares como Vicentinho (PT-SP), Arlindo Chinaglia (PT-SP), Guilherme Boulos (PSOL-SP), Luiza Erundina (PSOL-SP), Erika Hilton (PSOL-SP), Sâmia Bonfim (PSOL-SP) e Tábata Amaral (PSDB-SP).

Ato no Rio de Janeiro

Na Praia de Copacabana, quase 42 mil pessoas se reuniram em um ato que ficou marcado pela presença de Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil — nomes que já haviam marchado juntos na histórica Passeata dos Cem Mil, em 1968, contra a ditadura militar e voltaram a se reunir 57 anos depois para defender a democracia.

O evento também contou com apresentações de Djavan, Paulinho da Viola, Geraldo Azevedo, Maria Gadú, Marina Sena, Lenine, Ivan Lins entre outros artistas.

Repercussão internacional

A mobilização ganhou destaque em diversos veículos internacionais:

The Guardian (Reino Unido) ressaltou a indignação popular, afirmando que “dezenas de milhares de brasileiros foram às ruas” contra a anistia ao “populista de extrema direita” condenado por tentar se manter ilegalmente no poder após perder as eleições de 2022.

El País (Espanha) classificou o ato no Rio como um “show histórico”.

Reuters descreveu os protestos como “a primeira grande manifestação desde a condenação de Bolsonaro”.

El Mundo (Espanha) destacou a polêmica em torno da PEC da Blindagem.

Al Jazeera (Árabe) apontou a insatisfação popular com projetos que poderiam anistiar Jair Bolsonaro e ampliar a imunidade parlamentar.

BBC destacou que os atos revelaram a indignação diante da aprovação da PEC pela Câmara.

Associated Press, replicada no Japan Times, lembrou que a mobilização foi articulada por artistas e grupos de esquerda.

ABC News (EUA) enfatizou a força simbólica do ato em Copacabana, lembrando o papel histórico de Caetano, Chico e Gil na resistência à ditadura.

AFP (França) descreveu a cena de manifestantes cantando ao lado de um boneco inflável de Bolsonaro vestido como presidiário.

TeleSur (Venezuela) lembrou que parlamentares de direita aprovaram em regime de urgência o debate do projeto de anistia.

La Nación (Argentina) noticiou a amplitude dos protestos em mais de 30 cidades, organizados por redes sociais, sindicatos, partidos de esquerda e movimentos populares.

Pressão sobre o Senado

Apesar da força dos atos, ainda é necessário manter a pressão sobre o Senado, que decidirá o futuro da PEC da Blindagem.

Após aprovação na Câmara, a proposta precisa do apoio de 49 dos 81 senadores para ser aprovada. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), enviou o texto para a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Dos 27 integrantes, 17 já anunciaram voto contrário, três a favor, enquanto sete não se posicionaram. O relator Alessandro Vieira (MDB-SE) já sinalizou pela rejeição. A leitura do relatório está prevista para amanhã, com votação no mesmo dia.

Para garantir que os senadores mantenham posição contrária, a CUT disponibilizou a ferramenta “Na Pressão”, que permite enviar mensagens pelas redes sociais, WhatsApp, telefone ou e-mail diretamente aos parlamentares.

Como participar:

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