Sindicato leva voz dos trabalhadores à ABX25, maior evento automotivo do país
Debate expôs desafios da indústria na transição tecnológica e discutiu impactos da digitalização nas relações de trabalho. Encontro reuniu representantes de montadoras, fornecedores e lideranças do setor

Os Metalúrgicos do ABC estiveram presentes na ABX25 Automotive Business, realizada no último dia 17, no São Paulo Expo, um dos principais fóruns sobre o futuro da indústria automotiva e da mobilidade. O encontro reuniu representantes de montadoras, fornecedores e lideranças do setor para discutir inovação, novos modelos de negócio e os rumos da indústria diante da transição tecnológica e energética.
Representando a categoria, o diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, participou do painel “Quem quer ser CLT? O que muda no emprego e nas dinâmicas trabalhistas no setor automotivo”. O tema escancarou o desafio de equilibrar inovação e redução de custos com a garantia de empregos de qualidade, salários dignos e direitos respeitados.
Trabalho em transformação
Segundo Wellington, a transformação digital, a inteligência artificial e a automação já impactam profundamente a vida de quem está na linha de produção. “As empresas exigem hoje um trabalhador cada vez mais qualificado, capaz de tomar decisões rápidas. Mas essa exigência precisa vir acompanhada de valorização salarial, formação adequada e de uma transição justa, que não deixe ninguém para trás”, afirmou.
O dirigente lembrou que, enquanto nas décadas de 70 e 80 predominava a força física, hoje os trabalhadores precisam interpretar dados, ajustar máquinas e decidir diante de falhas no processo.
CLT x aplicativos
Outro ponto debatido foi a competição entre empregos formais e trabalhos por aplicativos. Muitos trabalhadores, diante do achatamento salarial pós-pandemia, enxergam ganhos maiores fora da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). “A figura do chefe desaparece, mas surge o celular como patrão. Essa ‘flexibilidade’ é, muitas vezes, precarização disfarçada”, alertou.
O papel do Sindicato

Wellington reforçou que o Sindicato defende que qualquer transição tecnológica ou energética seja acompanhada de diálogo social, negociação coletiva e políticas públicas. “Inovação não pode ser desculpa para reduzir direitos. O Brasil precisa investir em tecnologia, mas também garantir salários dignos, redução de jornada e condições que preservem a saúde física e mental”, reforçou.
Ele também destacou a necessidade de ampliar a qualificação profissional em parceria com instituições como o Senai, lembrando as dificuldades de acesso enfrentadas por jovens da periferia. “Precisamos preparar essa nova geração para o futuro da indústria, sem precarização e com garantia de dignidade”.
Transição justa e negociação coletiva
Para o dirigente, a saída é a construção coletiva. “Negociações entre sindicatos e empresas podem até se transformar em lei. O amadurecimento das relações de trabalho é essencial para que a transição tecnológica seja justa e não um atalho para a precarização”.
Ao marcar presença na ABX25, o Sindicato reforçou seu papel histórico de colocar a voz dos trabalhadores no centro do debate. Em um setor estratégico para o país, não basta discutir inovação e produtividade sem garantir que o maior patrimônio da indústria – os trabalhadores e trabalhadoras – seja valorizado.