Seguradoras e montadoras buscam destino correto de carro

Destino correto de carro desafia seguradoras e indústria

Com o Brasil reciclando menos de 2% dos veículos fora de circulação, seguradoras e fabricantes de automóveis têm mantido conversas para desenvolver maneiras de lidar de forma sustentável com carros que estão no fim do ciclo de vida. No universo dos seguros, quando um automóvel se envolve em um acidente grave, cabe às seguradoras não apenas arcar com o pagamento do sinistro, mas também lidar com o que sobra do veículo e que ainda possui algum valor comercial, o chamado “salvado”.

São materiais como portas e retrovisores que podem ser vendidos, por exemplo, em leilões, permitindo que as seguradoras recuperem parte do valor pago. Há iniciativas, no entanto, consideradas modelo de destinação desses itens, que devem servir como base para as discussões sobre novas formas de lidar com os restos de veículos pelas montadoras. Do lado do setor automotivo, a preocupação ganhou força com o Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), sancionado em meados de 2024 pelo governo federal.

O Programa estabelece diretrizes sustentáveis para a produção de veículos no Brasil e prevê incentivos para a indústria. O Mover traz metas de segurança energética com algumas nuances, como a reciclabilidade – com o fabricante tendo de projetar o veículo de forma que, ao fim do seu ciclo de vida, entre 80% e 85% possa ser reciclado – e o próprio processo de reciclagem, explica Gilberto Martins, diretor de assuntos regulatórios da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

A ideia é que as fabricantes recolham carros em fim de vida útil ou sinistrados e trabalhem na reinserção de materiais na cadeia produtiva. O programa ainda está em fase de regulamentação pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), mas “há claramente uma previsão de que haverá algum incentivo, como descontos em impostos, caso o fabricante consiga retirar o veículo no fim de vida e realizar a reciclagem”, diz Martins.

Do Valor Econômico