A águia e os homens

Leonardo Boff, em “A
águia e a galinha”, reconta
uma história nascida
na África. Havia um criador
de cabras que, passando
ao pé de uma montanha,
encontrou uma águia
muito ferida. Achou que
ela estivesse morta e a levou
ao seu vizinho, amante
de pássaros. Na manhã
seguinte o homem percebe
que a águia está viva, mas
cega. Ele a leva para o galinheiro.
Ela ali aprende a
viver como uma galinha.

Após alguns meses ele
vê que ela voltou a enxergar,
mas considera que ela
havia se transformado em
uma águia-galinha. Porém,
um naturalista lhe argumenta:
“uma águia tem
dentro de si o chamado do
infinito. Seu coração sente
os picos mais altos das
montanhas. Por mais que
seja submetida a condições
de escravidão, ela nunca
deixará de ouvir sua própria
natureza de águia que
a convoca para as alturas
e para a liberdade”!

O que esta fábula tem a ver com a gente?

Nos diversos espaços,
inclusive dentro da fábrica,
os trabalhadores sabem: somos
águias. Se parte de nós
permanece aprisionada e
alienada, nosso trabalho é
libertar-nos enquanto contribuímos
para que nossos
companheiros libertem-se.

Libertarmo-nos de quê?

De todas as formas de
opressão. Hoje, em várias
fábricas, temos a proposta
de uma nova forma de produzir
em células e trabalho
em grupo. Mas, nos perguntamos
se de fato é um
trabalho que liberta, autônomo
e criativo. De maneira
geral, não. Ser livres
e inteiros no trabalho implica
em relações verdadeiramente
democráticas.

Como voar mais alto?

Este processo de busca
pela libertação, e ser
inteiro, implica na busca
pela humanização e
no amor pela vida como a
bússola que nos orienta. O
ser inteiro e mais humano
só pode ser construído na
relação com o outro. Portanto,
esta busca e caminhada
é coletiva.

De posse dessa bússola
contribuímos todos,
em nosso dia-a-dia, para
voarmos como a águia
da fábula: E começou a
voar, a voar para o alto,
a voar cada vez mais alto.
Voou…voou…até confundir-se com o azul do
firmamento.

Departamento de Formação