“A bandeira da democracia está mais viva do que nunca”
(Foto: Edu Guimarães)
O jornalista Luis Nassif explicou o conjunto de fatores e interesses por trás do golpe em curso no País e do que está em jogo não só nas conquistas sociais, mas também no projeto de nação, durante o debate ‘O combate à corrupção e os impactos sobre a economia’, realizado ontem na Sede.
Interferência norte-americana
“A partir de 2002, com a questão do terrorismo, passa a ter uma cooperação internacional entre os ministérios públicos de diversos países. Com o avanço das novas tecnologias, quem assume o protagonismo são os Estados Unidos, que passam a alimentar os ministérios públicos com informações de interesse deles. Quando vem a crise agora, o prato está feito com informação de fora.
Estávamos criando grupos de empresas de padrão global, com empreiteiras e siderúrgicas disputando mercados na China, o Pré-Sal e a cadeia produtiva do petróleo e o posicionamento do Brasil no mundo. Com todo o desenho de País moderno sendo criado, isso não interessava aos Estados Unidos. A indústria de petróleo lá não tem mais áreas para explorar e tem que partir para alternativas. Tudo isso leva a essa questão de destruir o projeto de nação. Não é apenas a questão dos direitos sociais”.
Mudanças no País
“Existe um conjunto de fatores, como a ascensão social de 40 milhões de pessoas no Brasil, o que causa muita insegurança na classe média. Não acham que as pessoas estão ganhando status, mas que eles estão perdendo”.
Lava Jato e mídia
“A agenda da Lava Jato passa a acompanhar a agenda política e se revela como um instrumento político. Começa a deixar impressões digitais do golpe com a condução coercitiva do Lula e o vazamento das conversas informais. A Lava Jato, para conseguir o poder absoluto, não se importou em inviabilizar setores completos. E a imprensa foi a reboque. Não tem jornalismo hoje. A Lava Jato faz o vazamento, a imprensa reproduz, não questiona, não busca informações adicionais, não tem investigação da imprensa por conta própria”.
Democracia
“Com as marchas contra o impeachment, tivemos o renascimento da política. A rapaziada que está vindo agora é a futura geração política se formando em cima da defesa da democracia. Os outros que são do ódio não são políticos, sabem bater panela, mas não sabem fabricar panelas. Sindicatos e partidos políticos têm que se adaptar aos novos tempos e se abrir para a renovação. A nova agenda de poder não é mais centralizada, tem que ter porosidade e capacidade de dialogar com os diversos setores. A bandeira da democracia está firme com essa rapaziada. Com essas movimentações todas, a bandeira da democracia e dos direitos sociais estão mais vivas do que nunca.”
Da Redação