“A Confederação da Agricultura precisa ter responsabilidade social ao invés de defender a especulação”
Sindicato alerta contra setor que tenta ganhar com especulação e é desfavorável à importação de arroz após enchentes no Rio Grande do Sul
Os Metalúrgicos do ABC acompanham com atenção a ação que a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) ingressou no STF (Supremo Tribunal Federal) na segunda-feira, 3, contra a decisão do governo federal de autorizar a importação de arroz. A medida adotada pelo Executivo tem como objetivo impedir aumento dos preços e até a falta do grão em meio à tragédia climática no Rio Grande do Sul.
A ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) apresentada pela entidade pede, dentre outras medidas, a suspensão do primeiro leilão público da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) que acontece nesta quinta-feira, 6, para a compra do cereal importado, e pede explicações ao governo sobre a medida.
Segundo o secretário-geral do Sindicato, Claudionor Vieira, é lamentável que, depois de uma catástrofe nunca vista na história do país, o setor ainda tente ganhar com a especulação, a miséria e calamidade de um povo que tem sofrido tanto com as enchentes como no Sul do país.
“O governo tem que governar para todos. O papel do Estado é não largar a mão do povo, é jamais esquecer o sofrimento que estão passando e não deixar que setores da sociedade queiram tirar proveito dessa situação”, disse o dirigente. “O que o governo está fazendo, através da Conab, é tentar criar condições para que não falte alimentos, diferente da especulação que a CNA está sugerindo”.
Dados
O arroz comprado pela Conab será vendido por R$ 4 o quilo e o pacote terá o rótulo do governo. Os estoques de arroz serão destinados à venda para pequenos varejistas, mercados de vizinhança, supermercados, hipermercados, atacarejos e estabelecimentos comerciais.
De acordo com o governo federal, está prevista a compra de até 300 mil toneladas de arroz importado. As regras para aquisição, nesta primeira etapa, constam no edital publicado pela Conab. O produto deverá ter aspecto, cor, odor e sabor característico de arroz beneficiado, polido, longo fino, Tipo 1, safra 2023/2024, e proíbe a aquisição de arroz aromático. O arroz deverá estar acondicionado em embalagem com capacidade de 5kg, transparente e incolor, que permita a perfeita visualização do produto e com logomarca.
A decisão foi tomada diante do alto volume de chuvas na região Sul, afetando a produção gaúcha, responsável por cerca de 68% do arroz produzido no Brasil. O objetivo é evitar especulação financeira e estabilizar o preço do produto nos mercados de todo o país. As compras do produto ocorrerão por meio de leilões públicos ao longo de 2024.
“A sociedade precisa saber, precisa se manifestar, precisa se contrapor a esse tipo de atitude de uma entidade que não tem nenhuma responsabilidade social ou sensibilidade com o que está acontecendo neste momento tão delicado”, afirmou Claudionor.