A crise balança, mas não derruba o setor automotivo
Especialistas estimam que as vendas globais de veículos de passeio atingirão 80 milhões de unidades até 2014, volume provocado pelo crescimento demográfico e da produção
Certo otimismo com relação aos mercados da China e da América do Sul, em especial do Brasil, marcou a palestra de abertura do Seminário AutoData Perspectivas 2009 realizada por Craig Cather, presidente da CSM Worldwide. O executivo, no entanto, não ocultou os tempos difíceis pelos quais passarão os mercados da América do Norte e da Europa. Craig estima que as vendas globais de veículos de passeio atingirão 80 milhões de unidades até 2014, volume provocado pelo crescimento demográfico e da produção. Acredita, porém, que no curto prazo as vendas serão menores por conta das condições financeiras atuais.
As projeções da CSM apontam cenário positivo na China. As vendas no país devem aumentar 6% em 2008 e continuarão em elevação em 2009, mesmo que em menor ritmo, com alta de 5%. Assim como a produção que apresentará incremento de 7% este ano e mais 6% no próximo. Apesar de continuar a produzir e a vender mais, as empresas chinesas apresentam baixa rentabilidade provocada pela queda nos preços dos veículos, o que provoca menor volume de dinheiro para o governo chinês conseguir levar o progresso para o interior.
Para a América do Sul as notícias são mais animadoras. Este ano as vendas de veículos de passeio devem subir 13% na região, cabendo ao Brasil posição de destaque com aumento de 22%, atingindo mais de 2,8 milhões de unidades. Apesar dos problemas com os fundos de pensão, a Argentina deve comercializar 7% mais automóveis, enquanto os demais países apresentarão queda de 6,4%. Para o ano que vem o incremento nas vendas brasileiras será de 6,4%, o argentino chegará perto dos 8% e de 9% nos demais.
A produção mantém-se em alta, chegando ao fim de dezembro com crescimento de 16% no Brasil e 17% na Argentina, mas queda de 18,5% nos demais países da América do Sul. Para 2009, altas de 6% no Brasil, 19,4% na Argentina e 18% nos outros países. No geral a região produzirá 12% a mais em 2008 e 9% no ano que vem.
Craig acredita que o Brasil continuará sendo o responsável pelo avanço da América Latina. O alto preço dos veículos e a retração de 50% no crescimento da liberação de
crédito, no entanto, impactarão diretamente no volume de vendas. “O crescimento anual composto das vendas na região subirá 5,3% até 2014.”
As projeções para a região sul-americana indicam que o mercado de comerciais pesados crescerá 2,5%. Os caminhões médios e pesados serão os que apresentarão crescimento mais forte, cabendo ao Brasil a posição mais importante no segmento dos médios.
Para os Estados Unidos, entretanto, a projeção do executivo é de que este ano a produção cairá 17% e outros 14% nas vendas. Para 2009, as retrações são de 10% e
4%, respectivamente. Ficará a cargo do México e do Canadá dar suporte ao mercado do Nafta.
“Em 2008 projetamos vendas de 13,8 milhões de automóveis nos Estados Unidos, outros 2,7 milhões no Canadá e no México e 2,6 milhões nos outros mercados da América do Norte.”
A partir de 2010 a CSM estima que esses mercados devem voltar a crescer, entretanto demorarão para que retomem o mesmo ritmo apresentado no começo desta década.
Na mesma maré baixa são as análises apresentadas pelo presidente da CSM para a Europa Ocidental: queda nas vendas de 6,5% em 2008 e de 5,5% em 2009. “A Rússia, que até agora aproveitou os benefícios dos altos preços do petróleo, apresentará menor crescimento com a queda no preço do barril. O crescimento este ano será de 23% e para 2009 por perto dos 7%. Com aumento mais discreto, mas constante, a Europa central deve crescer 7% este ano e cerca de 2% em 2009, com destaque para os mercados da Eslováquia e da Eslovênia.
Em 2008 as vendas nos mercados do Japão e da Coréia cairão menos de 1%: 0,9% e 0,8%, respectivamente. Além disso, oscilarão de maneira negativa de 1% a 2,5% em 2009. Entretanto a produção japonesa manterá crescimento contínuo de 2% em 2008 e no próximo ano, enquanto a da Coréia cairá 5% até dezembro, voltando a crescer acima dos 4% no ano seguinte.
Da Agência Autodata