“A crise na Petrobras tem que acabar”, diz Rafael

Sindicato se solidariza aos sobreviventes e aos familiares das vítimas do acidente no navio FPSO cidade de São Mateus da companhia de petróleo.

Rafael e toda a categoria manifestam apoio aos sobreviventes e familiares das vítimas do acidente. À esquerda, o coordenador geral da FUP, José Maria Rangel

 

Os Metalúrgicos do ABC manifestam toda a solidariedade aos sobreviventes e familiares das vítimas da explosão na última quarta (11), que atingiu o navio FPSO Cidade de São Mateus, no litoral de Aracruz, Norte do Espírito Santo, em uma das plataformas da Pe­trobras.

Do total de 74 trabalha­dores embarcados, o acidente deixou, até a manhã de ontem, cinco mortos, 14 feridos e qua­tro desaparecidos, e foi causa­do por um vazamento de gás na sala de máquinas da casa de bombas da plataforma, que é operada pela BW Offshore, empresa de origem norueguesa que presta serviços à estatal.

Para o presidente do Sindi­cato, Rafael Marques, a crise que vive hoje a estatal desvia o foco de quem realmente gera a riqueza para o País, os trabalhadores.

“Eles que são colocados na linha de frente em qualquer atividade na empresa e os primeiros a serem prejudi­cados”, declarou o dirigente. “Estes companheiros têm que continuar sendo tratados de maneira digna independente de qualquer dificuldade, sendo diretos ou indiretos. Esta crise na Petrobras tem que acabar”, prosseguiu.

Rafael lembrou que os com­panheiros na Ford, em São Bernardo, já viveram isso no passado. “Em 1998, quando a montadora passava por di­ficuldades, muitos acidentes aconteceram. Toda esta pres­são que acontece no entorno da fábrica mexe também com o psicológico do trabalhador, o que traz prejuízos não só para a fábrica, mas para a vida de cada um deles”, completou.

Em entrevista à Tribuna, o coordenador geral da Fede­ração Única dos Petroleiros, a FUP, José Maria Rangel, que acompanha as buscas pelos trabalhadores desaparecidos na capital capixaba, afirmou que o acidente é de grandes proporções.

“O episódio reflete as de­ficiências da fiscalização des­sas unidades de produção de petróleo pelos órgãos go­vernamentais, ainda mais em um momento tão delicado de denúncias e investigações que passa a Petrobras”, disse Rangel.

“Agradeço a solidariedade dos Metalúrgicos do ABC nesta luta em defesa da vida. O foco agora é encontrar estes companheiros que ainda estão desaparecidos e dar toda a assistência necessária às famí­lias das vítimas”, constatou o coordenador.

Rangel pediu ainda apoio a todos os trabalhadores, sejam metalúrgicos ou petroleiros, à mobilização nacional que acontece hoje nas bases da FUP. “A atividade é de 24 ho­ras”, concluiu Rangel.

Segundo o coordenador da FUP, a plataforma Cidade de São Mateus foi construída em 1988 e começou a operar para a Petrobras neste local em 2009. O último grande acidente em plataformas da Petrobras ocor­reu em março de 2001, quando duas explosões na plataforma P-36 deixaram 11 mortos.

O que aconteceu

Vazamento de gás provocou explosão na casa de bombas

Como opera

FPSO – Sistemas Flutuantes de produção são navios de grande porte que produzem, proces­sam e armazenam petróleo e gás natural. Basicamente o FPSO retira de poços o gás e petróleo que será processado e armazenado no seu interior.

Capacidade de produção

• 25 mil barris petróleo/dia

• 10 milhões m³/dia de gás natural

Armazenagem

700 mil barris de petróleo

Da Redação