A crítica e combate ao sistema pela arte
Em graus diferenciados, de maneira clara ou disfarçada, todas criticavam aspectos do sistema opressivo que imperava no País. A preferência do público por músicas de protesto de conteúdo mais explícito, como Caminhando (Ou para não dizer que não falei das flores), de Geraldo Vandré, deu origem a uma rica discussão cultural e estética.
No teatro, o protesto era puxado também pelo grupo paulistano Arena com suas montagens centradas na luta nacional. Eles pegaram movimentos históricos como a Inconfidência Mineira e o Quilombo dos Palmares e apresentaram Tira-dentes e Zumbi como o exemplo do herói revolucionário que a platéia devia imitar.
Nas artes plásticas, Luis Sacilotto, Claudio Tozzi, Guto Lacaz, Glauco Carneiro, entre outros, incendiaram a Bienal realizada em 1968, em São Paulo.
>> Cinema novo
Nas telas, o chamado cinema novo de Glauber Rocha, com Deus e o Diabo na Terra do Sol e Terra em Transe, Ruy Guerra, com Os Fuzis, Nelson Pereira dos Santos, com Vidas Secas, Gustavo Dahl, com O Bravo Guerreiro, Leon Hirszman com Couro de Gato, Arnaldo Jabor, com Opinião Pública, atacavam o governo.
Nunca o Brasil esteve tão inteligente. Quem ligasse o rádio ou a televisão, fosse ao cinema, ao teatro ou apenas visse um quadro teria informação crítica sobre o que ocorria no País (o oposto do que ocorre hoje, aliás).
A esquerda concentrou tanto o debate que os intelectuais de direita não tinham argumentos para defender a ditadura. Por isso, quando a ditadura baixou o AI-5 fez tanta questão de incluir a censura às manifestações artísticas no ato. Depois dele, a população passou a ver, ouvir e assistir apenas o que o governo queria, tornando ainda mais feroz a ditadura que já existia.