A cultura autoritária no cotidiano da sociedade
No dia 18 de julho, um membro da Guarda Civil do município de Santos, acompanhado por um colega, foi surpreendido com uma desconcertante e autoritária reação ao abordar um senhor que caminhava pela orla e não fazia uso da máscara.
Qualquer operador da lei, como é o caso de um desembargador, deveria ser o primeiro a acatar a lei e a zelar pelo seu cumprimento. Ao invés disso, o desembargador em questão preferiu fazer valer sua posição e lançar mão da velha e inquiridora pergunta: “Você sabe com quem está falando?”. Expressão que procura estabelecer de antemão uma hierarquia de poder entre o procurador e o guarda civil, como se dissesse “essa regra não funciona pra mim”.
A seguir, vem a humilhação: “você é analfabeto, não sabe ler”, reafirmando sua “superioridade” sustentada por um suposto maior nível de conhecimento e fala em francês com outro guarda, mostrando sua “distinção acadêmica” como forma de humilhação social. A seguir ainda vem a intimidação: liga para o superior do guarda. E por fim, rasga a multa, joga-a no chão e sai caminhando normalmente.
Felizmente esse caso não permaneceu no anonimato, como ocorre com a maioria deles, e ganhou as manchetes dos jornais gerando uma série de indignações pela postura autoritária e abuso de poder do desembargador, que foi multado pelo guarda civil, que não se deixou intimidar.
A consolidação de uma cultura verdadeiramente democrática exige uma luta permanente contra práticas autoritárias tão enraizadas no nosso cotidiano, como a que acabamos de descrever.
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