“A democracia corre em nossas veias”

O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, falou sobre o processo eleitoral, a importância da democracia e da participação dos trabalhadores e trabalhadoras em todos os momentos.

Foto: Adonis Guerra

Trabalhador na Mercedes desde 1985, na área de Pintura, Moisés Selerges, 56 anos, foi eleito presidente do Sindicato para o triênio 2023-2026. A posse será no dia 23 de julho. Moisés foi da Comissão de Fábrica, coordenador da representação na Mercedes, coordenador de São Bernardo, diretor de organização, diretor administrativo e secretário-geral dos Metalúrgicos do ABC. Confira a entrevista:

Tribuna Metalúrgica – Com as urnas apuradas, qual o sentimento de ser eleito presidente do Sindicato?

Moisés Selerges – É um sentimento de orgulho fazer parte desta categoria e uma responsabilidade muito grande, mas também é um sentimento de saber que não estou sozinho nesta missão. O Sindicato é muito forte, é gigante. E, pelo fato de ele ser muito grande, a tarefa é grande, mas a nossa base é guerreira, ela não foge e vai lutar sempre comigo. Não sou eu, estou representando um projeto que é construído a várias mãos, por vários companheiros e companheiras de luta.

TM – Qual a importância da proximidade com a categoria para o processo eleitoral?

Moisés – A nossa eleição aconteceu em dois turnos e a participação é fruto de um trabalho que a direção vem fazendo de estar muito próxima à base. Todas as semanas de ‘Tribuna na Mão’, todas as madrugadas que acordamos para dialogar com os trabalhadores antes do galo cantar, faz parte também do resultado dessa eleição, é fruto de muito trabalho e dedicação da direção.

TM –  Como avalia o processo eleitoral realizado pelo Sindicato?

Moisés – Os sindicatos elegem seus representantes no Brasil bem antes da Constituição de 1988, sem discriminação, bastava ser trabalhador. Nas esferas municipal, estadual e federal, não havia a possibilidade de um analfabeto votar. Então a democracia do Sindicato já vem de longe, temos a prática da democracia, que corre em nossas veias, habita nossos corações e pulsa fortemente em todas as pautas que o Sindicato, junto aos trabalhadores, elabora.

TM –  Como começou a sua ligação com o Sindicato?

Moisés – Minha mãe tem 86 anos, meu pai tem 92 anos e também foi metalúrgico na Mercedes, trabalhava no Almoxarifado Central de Ferramentas. Entrei na Mercedes em 1985. Meu pai, às vezes, levava a Tribuna Metalúrgica para casa, juntava os filhos com a minha mãe para ler o jornal. Naquele tempo, por causa da repressão, vinha escrito num pedacinho da Tribuna: ‘leia e passe adiante’. Ele tinha a sorte de ser o último a pegar no final da jornada e levava para casa. Isso no final dos anos 70.

Tive uma base e tenho uma família que me apoia, minha companheira Amanda, minhas filhas Marina, Morena e Frida e o meu enteado, Davi, que considero meu filho.

Temos que aprender com os antepassados, valorizar pelo que eles lutaram, respeitar a sabedoria dos mais velhos e trabalhar na formação dos mais jovens.

TM –  Qual recado quer deixar para a categoria? 

Moisés – Muito obrigado a todos e todas que participaram da eleição e aos que estão sempre juntos na luta. Estou muito feliz, tenho muito orgulho de fazer parte desta categoria. Sei do tamanho do desafio, participem, cobrem fortemente esta direção, venham ao Sindicato, ele é de vocês.