A desigualdade e a pobreza no Brasil
O Brasil vive uma comoção nacional em prol dos flagelados pela seca do Nordeste. É grande o engajamento na campanha de arrecadação de alimentos para aplacar, mesmo que momentaneamente, a fome de milhões de cidadãos brasileiros.
A miséria no Brasil é tão parte da história brasileira que adquire status de coisa natural. É como o caso da seca do Nordeste. Sabemos que estes problemas ocorrem em todos os dias do ano, agravando-se nesta época, mas parece que nos habituamos a conviver com eles.
É preciso que a mídia divulgue imagens de sofrimento de outros seres humanos para que a sociedade se solidarize. De qualquer forma, é reconfortante perceber que ainda há solidariedade entre as pessoas.
E a raiz desses problemas o brasileiro conhece muito bem: a distribuição de renda. O Brasil tem uma distribuição de renda das mais perversas do mundo. De acordo com dados do IBGE, na Síntese de Indicadores Sociais 2000, os 10% mais ricos ganham em média 19 vezes mais que os 40% mais pobres. Embora na última década o Brasil tenha apresentado avanços sociais significativos – o número de crianças na escola aumentou, a taxa de mortalidade infantil caiu, há menos analfabetos e os idosos vivem mais, – a má distribuição de renda está longe de ser vencida.
Tudo isso configura uma situação precária de vida, onde a maioria da população recebe pouco por seu trabalho e não tem, em contrapartida, políticas sociais capazes de suprir as carências decorrentes dos baixos rendimentos. E este é um ciclo de miséria que tem que ser rompido. A sociedade como um todo não pode mais permitir que pessoas vivam sem perspectiva alguma de melhorar sua qualidade de vida e, o que é mais cruel, sem perspectiva de que seus filhos não tenham este mesmo destino miserável.
É um compromisso de honra de qualquer sociedade que almeje ser desenvolvida, propiciar condições mínimas de vida a toda sua população. Infelizmente, estas preocupações estiveram distantes das políticas implementadas pelo governo FHC ao longo desses quase oito anos de gestão.