A dívida externa
Ao longo das décadas de 80 e 90, a dívida externa cresceu de forma contínua e acentuada. Em 1982, o valor devido era US$ 85,304 bilhões, em 1990 o valor passou a ser US$ 123,439 bilhões, já no ano de 1999 atingiu-se a marca dos US$ 241,056 bilhões. Nos últimos anos ocorreu o processo de abertura comercial e financeiro com perda de espaço do setor público para as empresas privadas num movimento contínuo de privatizações. Ou seja, estamos vivendo uma nova realidade que obedece a lógica da globalização.
A natureza do modelo adotado para o crescimento deixou de ser o nacionalismo desenvolvimentista passando para o globalizante. A nova prática de política econômica adotada passou a ser realizada via atração de investimentos diretos estrangeiros – IDEs (entre 1998 e 2000, a média dos IDEs atingiu o montante de US$ 30 bilhões).
Quando ocorrem crises externas, os investidores passam a desconfiar das chamadas economias em desenvolvimento e retiram capital destes mercados. Quando ocorrem crises mais graves, em que os IDE são pouco expressivos e existe a dificuldade de fechamento no balanço de pagamentos, a saída volta a ser o pedido de socorro ao FMI. A aproximação com o FMI implicou no passado, e implica no presente, a adoção de medidas internas formalizadas através de critérios de desempenho que caracterizam-se pelo controle das políticas externa, monetária e fiscal.
A disponibilização das parcelas dos empréstimos fica condicionada ao cumprimento de tais metas. Estas medidas dificultam políticas internas de desenvolvimento, de redução do desemprego, de investimentos na área social etc.
Todos estes condicionantes implicam num enorme esforço para saldar os juros crescentes da dívida, que parecem não ter fim. Afinal o credor não vive da quitação da dívida e sim da rolagem da mesma.
Cabe à economia brasileira articular-se de forma a não depender tanto do auxílio financeiro do FMI em momentos de crise. Esta alternativa de curto prazo inviabiliza soluções que possam realmente conduzir a avanços internos.