A Europa ensinou tudo que sabia para as montadoras chinesas; agora, os carros asiáticos estão superando os europeus na própria Europa

Os fabricantes chineses agora são autônomos e líderes no setor elétrico da Europa

A indústria automobilística chinesa, que realmente decolou no início dos anos 2000, foi construída sobre um modelo duplo: de um lado, as marcas locais autorizadas a criar seus próprios veículos; de outro, os fabricantes estrangeiros obrigados a produzir por meio de joint ventures (ou coempresas) em regime de 50/50.

Esse sistema permitiu que os engenheiros chineses aprendessem os padrões de qualidade ocidentais com as equipes europeias, japonesas e estadunidenses. Se, no começo, produzir sob licença parecia principalmente um tipo de cópia, isso acabou permitindo que a indústria automobilística chinesa recuperasse o atraso — compreendendo, se adaptando e, depois, inovando. Agora, os papéis se inverteram.

Desde 2020, uma virada vem ocorrendo no Império do Meio. Enquanto a pandemia desacelerava as cadeias de produção internacionais, a China apostava na eletrificação e na produção local de baterias. Resultado: as marcas chinesas estão em plena ascensão, enquanto as joint ventures desabam.

Segundo a Inovev, uma consultoria francesa especializada na indústria automobilística mundial, das 27,5 milhões de unidades produzidas em 2024, 18 milhões são de marcas chinesas — contra 9,5 milhões das joint ventures. Os modelos premium, os SUVs e os sedãs elétricos se multiplicam, enquanto fabricantes como Volkswagen, Toyota e até a Tesla veem suas participações encolherem. E as marcas locais, como BYD, Geely e Changan, já não copiam: exportam. Inclusive para a Europa.

Do Terra