A face cruel, autoritária e homicida do nosso governo exposta na reunião ministerial

A divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 abril, tornada pública na sexta-feira, 22 de maio, por decisão do Supremo Tribunal Federal e amplamente divulgada pela mídia, é extremamente reveladora sobre o que pensa e como age o grupo que está à frente do poder Executivo em nosso país.

Foto: divulgação

O acesso à quase integra da reunião vai muito além do seu propósito de avaliar a interferência do poder Executivo na Polícia Federal. De maneira quase incrédula, assistimos o maior exemplo de desserviço político e de irresponsabilidade pública prestado por um chefe do Executivo, seu ministério e seus auxiliares diretos em toda a nossa história republicana.

A publicidade da mencionada reunião ministerial foi manchete no mundo todo destacando o “show de horror”, o tom de ameaça e a quantidade de insultos e palavrões proferidos pelo presidente.

Ao contrário do que se esperava de um Executivo responsável e ciente da gravidade da situação sanitária do país, não foi debatido um plano nacional de gestão da crise de pandemia em consonância com as iniciativas estaduais e municipais. O Brasil, que já havia perdido a vantagem de ser um dos últimos países atingidos pela Covid-19, podendo se antecipar no combate à pandemia, continuava a sacrificar vidas com seu descaso e sua política homicida no plano federal.

No dia em que aconteceu a reunião, o Brasil chegava a 2.917 mortes e 45.976 infectados, mostrando que a curva de contágio se acelerava, conforme alertavam os infectologistas. O novo ministro da Saúde, empossado há menos de uma semana no cargo, fez uma fala discreta e curta com participação quase invisível na reunião, sendo que deveria ser o grande protagonista da reunião, junto com o presidente da República, no encaminhamento de ações para mitigar os efeitos devastadores da atual crise de pandemia.

Guedes, num momento em que precisamos de política macroeconômica que estimule o crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável, além de medidas emergenciais de combate aos efeitos sociais da pandemia, faz uma fala totalmente desconectada com o drama social vivido pela população  e das necessidade urgente de uma nova política econômica fora dos marcos do neoliberalismo.

Nós que já fomos um dos países de maior influência geopolítica no mundo de 2003 a 2015, angariando respeito em todo o mundo de governos e órgãos multilaterais, hoje somos vistos como o país do atraso, da ignorância e da intolerância. As declarações e os atos do presidente, corroborados por seus seguidores, traçam uma imagem de um país governado pela irracionalidade e pelo autoritarismo. A reunião ministerial do dia 22 só aprofundou esse diagnóstico e nos apontou de forma clara que estamos no caminho do abismo social e da barbárie política, caminho esse pavimentado pelo casamento homicida e macabro entre neoliberalismo e o neofascismo vigente em nosso país. Mais do que nunca, a defesa da democracia, dos direitos humanos e da proteção social é uma tarefa urgente para evitarmos o caos e retomarmos o caminho do desenvolvimento econômico sustentável com geração de emprego, renda e justiça social.  

Departamento de Formação do Sindicato