A geopolítica em movimento: hegemonia, tarifas e riquezas brasileiras

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Com dois meses completos de vigência do tarifaço norte-americano aplicado ao Brasil, o balanço de setembro aponta que o país exportou US$ 30 bilhões e apresentou superávit global de US$ 3 bilhões. Nesse período, as exportações para os Estados Unidos foram de apenas US$ 2,6 bilhões, com retração de 9% em relação ao mês anterior.

Já o Estado de São Paulo exportou US$ 1,1 bilhão para os EUA, 24% acima do volume registrado em agosto. No Grande ABC, os efeitos negativos se agravaram: com exportações na ordem de US$ 43,6 milhões, a queda foi de 45,2% frente a setembro de 2024. Vale notar que, entre janeiro e setembro do corrente ano, nada menos que 62% das exportações regionais para os EUA eram de produtos metalúrgicos, diretamente afetados pelas tarifas.

Em meio a esse cenário, os Estados Unidos retiraram as tarifas sobre celulose e ferro-níquel, e um inesperado encontro entre os presidentes Lula e Trump na assembleia da ONU (Organização das Nações Unidas) foi seguido de um telefonema centrado na redução das tarifas, com a expectativa de continuidade desse diálogo colocada na mesa.

Nesse contexto, a negociação entre Brasil e Estados Unidos pode colocar em disputa também o acesso aos minerais estratégicos conhecidos como “terras raras”, a exemplo do que ocorreu na relação norte-americana com a Ucrânia e, agora, também com a China. Não podemos descartar, ainda, a tentativa de interferência dos EUA na regulamentação das big techs atuando em nosso país.

O governo brasileiro mantém sua postura aberta à negociação, sem abrir mão de sua soberania. Os interesses e a segurança da população brasileira devem ser primordiais nesse processo, pois é disso que, em última instância, se trata essa disputa: o controle e o futuro das riquezas de nosso país.

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