A greve de março de 1979: “Que ninguém, nunca mais, ouse duvidar da capacidade de luta dos trabalhadores”

Arquivo SMABC

No dia 13 de março de 1979, uma terça-feira, os metalúrgicos de São Bernardo e Diadema iniciaram a histórica greve da categoria que marcaria a história do sindicalismo brasileiro. Os metalúrgicos reivindicavam 78% de aumento, recusando os 44% oferecidos pelo sindicato patronal.

Diante da impossibilidade de abrigar mais de 60 mil grevistas na sede do Sindicato, a 1ª assembleia da greve, no dia 13 de março, foi transferida para o estádio da Vila Euclides. Ficou famosa a imagem de Lula em cima de uma mesa improvisada como palanque cercado por 60 mil trabalhadores no gramado do estádio. Diante da falta de equipamento de som, suas palavras eram repetidas várias vezes em coro a partir dos trabalhadores mais próximos até aqueles mais distantes.

Dia 18, um domingo ensolarado, os metalúrgicos voltaram a lotar o mesmo estádio, muitos acompanhados pela família, e decidiram manter a paralisação. A Justiça do Trabalho julgou a greve ilegal e a repressão aos grevistas se intensificou. No dia 23 foi decretada a intervenção nos três sindicatos de metalúrgicos do ABC.

Diante da grande repressão e do clima tenso entre os grevistas, na assembleia de 27 de março, Lula propôs uma trégua de 45 dias. Pediu um voto de confiança dos metalúrgicos e encerrou sua fala com a frase que se imortalizou como símbolo de afirmação do sindicalismo combativo: “Que ninguém, nunca mais, ouse duvidar da capacidade de luta dos trabalhadores”.

O 1º de maio de 1979, em São Bernardo, reuniu 150 mil pessoas e foi o mais importante ato contra a ditadura desde o golpe militar em 1964. Reunidos novamente no dia 13 de maio, após a trégua, os trabalhadores aprovaram a proposta dos patrões de um reajuste geral de 63%. A intervenção foi suspensa e a diretoria eleita reassumiu o Sindicato no dia 18 de maio.

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