A (in)segurança nacional
O presidente Fernando Henrique Cardoso, renomado sociólogo de outros tempos, doutor na ciência que pesquisa e tenta explicar os fenômenos sociais, não bastando ter recomendado o esquecimento de tudo aquilo que defendeu no passado, voltou no tempo para ressuscitar práticas comuns do período militar, como a aplicação da Lei de Segurança Nacional.
As ameaças de enquadramento das manifestações populares como crimes contra a segurança nacional têm um endereço certo: o movimento dos trabalhadores rurais sem-terra (MST), que tem organizado com sucesso inúmeras ocupações de terras improdutivas e de prédios públicos, para pressionar o governo federal a agilizar a reforma agrária.
Nós, metalúrgicos do ABC, sabemos muito bem o que significa ser enquadrado na Lei de Segurança Nacional. No último dia 1º de maio relembramos os vinte anos da greve de 1980, marco do novo sindicalismo brasileiro, quando vários dirigentes sindicais foram presos com base nessa lei.
General Cardoso – E, quando pensávamos que os tempos da ditadura já estavam enterrados após quinze anos do fim do regime militar, eis que ressurgem instrumentos e práticas repressivas, muitas revestidas com máscaras “democráticas”, sob a batuta de um outro militar formado naquela “escola”, que também assina Cardoso, muito embora se chame Alberto.
Um governo que se sustenta na compra de votos dos parlamentares, na base do toma lá dá cá, que não ataca a corrupção que reina nos seus mais diversos setores, que vê impavidamente seus auxiliares mais próximos utilizarem, em proveito próprio, das benesses do poder, que é responsável direto pelo desemprego, pela miséria, pela criminalidade crescente, que gera tamanha insegurança na população, não tem moral para falar em segurança nacional.
Departamento Jurídico