A Indústria e o retrocesso comercial
Em 2021 a balança comercial brasileira registrou superavit de US$ 61 bilhões, ou seja, as exportações superaram as importações nessa proporção.
Contudo, na indústria de transformação a relação foi contrária, as importações superaram as exportações em US$ 53 bilhões, o chamado déficit comercial da indústria.
Segundo levantamento da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), a participação dos produtos manufaturados (automóveis, autopeças, máquinas, açúcar refinado etc.) representava 36,1% nas exportações em 2011, e no ano passado caiu para 27,4%.
Para termos um exemplo mais conhecido, durante muitos anos discutíamos sobre a necessidade de romper as barreiras das exportações de produtos manufaturados para outros mercados além da Argentina. Não só não avançamos, como no ano passado fomos superados pela China, e o Brasil perdeu a condição de maior exportador para a Argentina, nosso principal parceiro comercial neste segmento.
É um dado que reflete no desempenho do principal segmento da nossa categoria, pois o primeiro item da pauta das exportações brasileiras para a Argentina, os automóveis, somaram exportações na ordem de US$ 1,2 bilhão no ano passado, muito abaixo dos 4,2 bilhões de 2018.
Esse desempenho é preocupante porque recentemente o Brasil era a 6ª maior economia do mundo, hoje está na 13ª posição, mas ocupa só a 24ª colocação entre os maiores exportadores globais, tendo como principais produtos a soja, minério de ferro, óleos brutos de petróleo, carne bovina, produtos de baixa sofisticação tecnológica. Recuperar a capacidade produtiva nacional e reduzir a dependência industrial do país é uma tarefa crítica e urgente.
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