A licença maternidade e as transformações sociais

A regulação social do trabalho, ou seja, a forma como ele está organizado em nossa sociedade faz com que nos pareça natural que o homem esteja totalmente disponível para produzir cada vez mais e não tenha tempo para dedicar-se ao universo familiar e que, portanto, cabe à mulher as tarefas relacionadas aos cuidados domésticos.

A crescente inserção das mulheres no mercado de trabalho faz com que, em alguma medida,
as práticas sociais acompanhem o processo de mudanças no mundo do trabalho.

Porém, as políticas públicas ainda estão organizadas para dar suporte a um modelo de família tradicional, onde cabe ao homem o papel de provedor e à mulher o de cuidadora do lar.

A busca pela ampliação da licença maternidade para 180 dias traz em si, além da possibilidade
de proporcionar à criança uma vida emocional e fisiológica mais saudável e feliz, a oportunidade de refletir sobre o compartilhar dos cuidados, dos afazeres domésticos e do acompanhamento
do desenvolvimento físico e psicológico dos filhos. De quem é essa responsabilidade?

Em países como a Suécia, por exemplo, a licença maternidade é de 13 meses e a “licença papai”, conquistada em 1995, está gerando transformações sociais importantes.

Neste caso, a presença forte e significativa do Estado possibilitou também aos homens o privilégio de caminhar tranquilamente com carrinhos de bebês pelos parques, cafés, mercados
e creches.

Pode parecer uma realidade distante, mas é preciso seguir em alguma direção.