“A luta pela verdade ainda não terminou”, diz Ana Nice

A jornalista Vilma Amaro, a segunda da direita para a esquerda

 

A Comissão das Meta­lúrgicas do ABC avança nas discussões sobre a perseguição e repressão sofridas no período da ditadura militar no País e, na tarde da última terça, 31 de março, recebeu a jornalista Vilma Amaro para um bate­-papo com trabalhadoras na base para falar das torturas vividas na época.

“Fui uma dos 1.000 presos por participar de um congresso clandestino da União Nacional dos Estudantes, a UNE. Fui parar no Dops. Fiquei pouco tempo presa porque já estava trabalhando”, afirmou a jor­nalista.

Anos depois, como mili­tante do Partido Operário Re­volucionário Trotskista, Vilma foi presa novamente com 15 mulheres, que moravam juntas num apartamento na capi­tal paulista. Neste momento, conheceu o Quartel da Força Pública de São Paulo.

“Tive a sorte de não ser torturada. Ouvi xingamen­tos. Eles começaram a servir comida da Casa de Detenção. O feijão era de todas as cores e imundo. Os talheres eram embrulhados num esparadra­po. Fizemos greve de fome. Foi um desafio, mas eles cederam e comemos o que era servido aos investigadores”, lembrou Vilma.

Após a prisão, ela ficou exi­lada no Chile e Venezuela, retornando ao Brasil somente em 1975.

A coordenadora da Co­missão e diretora executiva do Sindicato, Ana Nice Mar­tins de Carvalho, celebrou a vinda de Vilma por dividir sua história de vida contra a ditadura. “A luta pela verdade ainda não terminou”, concluiu a dirigente.

Da Redação