A moda é segurança comportamental
Dez entre dez empresas
estão adotando moderníssimos
programas e sistemas
de gestão comportamental
em saúde e segurança no
trabalho como forma de diminuir
o número e a gravidade
de acidentes e doenças
do trabalho.
A grande ferramenta
desses programas é a conscientização
dos trabalhadores,
envolvimento de
chefias, supervisores e gerentes,
punição para aqueles
que tiverem comportamento
de risco fora dos
padrões (entenda-se, atos
inseguros) e, pasmem, utilização
da árvore de causas
como forma de encontrar as
causas dos acidentes.
Velhas novidades
A escola de relações humanas
prosperou na década
de 30 do século passado,
quando Elton Mayo, a partir
de estudos de trabalhadores
que perdiam produtividade
em consequência ao taylorismo,
propuseram que fatores
psicológicos como a motivação,
a atenção e o reconhecimento
eram fundamentais
para a melhoria da produtividade,
diminuição de absenteísmo
e até de acidentes
no trabalho.
A árvore de causas como
método de investigação
de acidentes também
data de meados do século
passado e já foi, inclusive,
difundida amplamente
nos nossos seminários para
formação de cipeiros e
em nossas cartilhas, desde
a década de 80.
Antigas intenções
Por trás dessas inquestionáveis
boas intenções das
empresas, há muito mais
do que diminuir acidentes
de trabalho. Isso se faz
com proteções nas máquinas,
processos seguros, padrões
de operações e responsabilização
do sistema
gerencial. É preciso ainda
treinamento e capacitação
dos trabalhadores, condições
ambientais adequadas
e gestão não opressiva. São
essas atitudes que têm o poder
de corrigir as situações
inseguras e perigosas.
Por trás da segurança
comportamental está o controle,
a gestão do comportamento
individual de cada
trabalhador, a desconstrução
das individualidades
em favor da construção da
unanimidade burra da cultura
organizacional e, também,
a repressão no trabalho
ou fora dele a qualquer
tentativa de desvio dos padrões
estabelecidos. Nós
vamos entrar nessa?
Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente