A porta para a vida profissional
Histórias de pessoas que passaram ou estão no SENAI da Volks, que completou 35 anos.
Raquel Camargo
Alunos e alunas, ao lado de professores e representantes da comissão, na célula de aprendizado, na ferramentaria
Uma das portas de entrada para a fábrica, o Senai, ou a escolinha, como alguns preferem, completou 35 anos traçando a vida profissional de muitos companheiros e companheiras.
Na escolinha está também grande parte da vida das pessoas. José Antonio Zanetti é uma delas. Há 35 anos na fábrica, hoje ele é coordenador de célula de aprendizagem na ferramentaria. Seu trabalho é receber os jovens no setor e completar a sua formação.
“Cresci na fábrica” conta ele, que foi aluno da primeira turma do Senai Volks ainda nos anos 70. “Tenho orgulho de treinar a garotada, de passar o que alguém um dia me passou”.
No caminho
O jovem Valter Molero Júnior é aluno da turma admitida neste segundo semestre e espera ter sua vida profissional na Volks. “Quero concluir o Senai e cursar engenharia automobilística”, planeja.
É esse mesmo caminho que Monique Maria de Oliveira, outra aluna a ingressar no segundo semestre, está interessada em traçar. “Fui privilegiada, pois tive muita sorte pela oportunidade de entrar aqui”, afirma a garota que almeja se formar em química no curso superior. “Gosto da área, mas depois que a gente entra aqui tem uma nova visão”, comenta.
Mestre de todos
O pedagogo Gladsney Neto Siqueira, o Glads, atua como instrutor há 33 anos. Possivelmente, é uma das pessoas mais lembradas na planta Anchieta já que, por suas aulas, ele calcula terem passado cerca de 5.800 alunos, hoje metalúrgicos. “Encontro ex-alunos em todo o Brasil”, diz com orgulho.
Raquel Camargo
Monique, aluna do segundo semestre, Cláudia, primeira mulher da escolinha, e o Professor Glads.
Fora a sólida formação, Glads destaca que o Senai teve importantes aberturas nesse tempo. A mais significativa na sua opinião foi um convênio com a antiga Febem. “Uma das melhores coisas que presenciei foi a inclusão desses jovens”, recorda.
O encarregado de manutenção Vladimir Antonio dos Santos é um deles. Órfão de pai e mãe, ele foi aos seis anos para a Febem. Aos 14 anos foi para o Senai aprender mecânica de carros, no ano de 1979.
Pelo tempo que durou o convênio, o instrutor Glads lembra que 15 jovens daquela instituição ingressavam a cada turma. O objetivo era o de formá-los para a rede de revendedores.
Porém, a abertura de uma vaga na oficina de veículos industriais fez com que Vladimir permanecesse até hoje na fábrica.
Diversidade
Se o desafio de vencer a inclusão foi duro para Vladimir, imagina para uma mulher conviver num ambiente total e historicamente masculino.
A analista Cláudia Cibele Bezerra superou essa parada. Primeira mulher a entrar na escolinha, em julho de 1992, Cláudia lembra que por ser muito jovem não tinha preocupação com o universo masculino.
“O que eu tinha era muita expectativa e muita dúvida se iria conseguir”. E conseguiu. Depois do Senai, passou por vários setores da produção, formou-se em economia até alcançar o posto de analista de produção.
“As meninas são mais determinadas que os meninos”, brinca o coordenador Zanetti.
No campo da inclusão, o Senai ainda tem a avançar, segundo a visão da Comissão de Fábrica. Ela defende que a escolinha deva se preparar para receber jovens portadores de deficiência. “Essa é uma pauta que continuamos a insistir com a Volks”, afirma José Roberto Nogueira, o Bigodinho, coordenador da CF.