A prisão de Lula e a morte de Dona Lindu

No dia 17 de abril de 1980, durante a ditadura militar, o ministro do Trabalho, Murilo Macedo, decretava pela segunda vez a intervenção no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, com a consequente cassação da diretoria. A primeira foi em 24 de março de 1979 e também com a greve da categoria em curso. No dia 19 de abril, dois dias depois, Lula foi preso com parte da direção do Sindicato.
Lula foi preso no 19º dia da greve dos metalúrgicos do ABC, iniciada no dia 1º abril de 1980 que reivindicava aumento salarial e redução da jornada de trabalho. Lula ficou impedido de participar da comemoração do 1º de Maio de 1980, que ocorreu sob forte tensão no Largo da Matriz de São Bernardo, que estava cercado por 8 mil policiais.
Enquanto Lula estava no seu 24º dia de prisão no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) – órgão responsável pela repressão durante a ditadura, sob os cuidados do delegado Romeu Tuma, sua mãe, Eurídice Ferreira de Melo, conhecida como a Dona Lindu, que já se encontrava bastante doente, veio a falecer às 11h30 do dia 12 de maio de 1980, aos 64 anos.
O delegado Romeu Tuma permitiu que Lula fosse liberado para ver o corpo da mãe no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Caetano, sob a condição de que não falaria com a imprensa. Lula, muito emocionado, permaneceu ao lado do corpo da mãe por quase uma hora acompanhado pela esposa, Dona Marisa e por dois policiais à paisana. Logo depois, voltou para a prisão.

No dia seguinte, correu logo a notícia entre os metalúrgicos de São Bernardo e Diadema que Lula poderia ser liberado para acompanhar o velório da sua mãe no Cemitério de Vila Paulicéia. De fato, Lula compareceu às 9h45 ao Cemitério acompanhado por policiais, familiares e políticos. Depois de muito tumulto no início, cerca de dois mil trabalhadores homenagearam Lula formando um cordão humano para que ele passasse enquanto era aplaudido e tocado pelos presentes que gritavam seu nome e pediam por sua liberdade e por justiça.
Após celebração da missa de corpo presente por Dom Cláudio Hummes, que na ocasião disse: “felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino do céu”, Lula acompanhou o enterro da mãe e seguiu de volta para a carceragem do DOPS. Esse talvez tenha sido o momento mais tenso, quando muitos metalúrgicos não queriam deixar Lula voltar e cercando o carro que o levaria de volta à prisão. Lula saiu do carro pedindo calma aos trabalhadores e dizendo que em breve estaria de volta. Lula foi libertado no dia 20 de maio para continuar escrevendo a história do povo brasileiro.
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