A realidade paralela de Bolsonaro
Em discurso delirante e mentiroso na ONU, presidente pintou para o mundo um Brasil que não existe
O mundo assistiu perplexo ao discurso do presidente Jair Bolsonaro, que abriu na terça-feira, 22, a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).
No “país das maravilhas” pintado por ele, o Brasil tem a matriz energética mais limpa e diversificada do mundo, uma política de tolerância zero com o crime ambiental, o país inspira confiança dos investidores estrangeiros, não faltaram leitos de UTI durante a pandemia da Covid-19 e onde 65 milhões de brasileiros receberam mil dólares, cerca de R$ 5.400, de auxílio emergencial.
“Nunca, em nenhum momento da história, nosso país esteve em tanto descrédito nacional e internacional. É uma vergonha completa”, afirmou o secretário-geral do Sindicato, Moisés Selerges.
Mil dólares?
“Todos sabem que o valor pago aos mais necessitados deste país não chegará à quantia de mil dólares mencionada por ele. Valor, inclusive que seria muito menor se não fosse a luta das centrais sindicais, e que muitos não conseguiram receber por conta da incompetência do governo na administração dos pagamentos. Se não fosse a solidariedade que imperou no Brasil nos últimos meses, muitos teriam morrido de fome, esquecidos por esse governo”, criticou.
Socorro às empresas?
Em seu discurso, Bolsonaro também se gabou de ter socorrido as microempresas durante a crise agravada pelo coronavírus.
“Esse socorro não chegou a milhares de empresas, já que muitas fecharam as portas colocando mais trabalhadores na rua e na informalidade. Em sua fala ele não citou dados que comprovassem suas afirmações, apenas tentou mostrar para o mundo uma imagem falsa. Aliás, a falsidade é a marca do seu governo desde as eleições”, completou.
Segundo o IBGE, o Brasil já soma 12,9 milhões de desempregados. Só na primeira quinzena de junho 716 mil empresas encerraram definitivamente suas atividades. A pesquisa do IBGE também apurou que um terço das empresas brasileiras demitiu e só 13% tiveram acesso ao auxílio federal para pagar empregados.
Culpa dos indígenas?
Bolsonaro responsabilizou indígenas e caboclos pelas queimadas.
“Mais uma vez, sem apresentar qualquer dado, ele tentou jogar a culpa da destruição das florestas justamente em quem mais luta para protegê-las, sem citar a sanha do agronegócio brasileiro que é o verdadeiro responsável pelo crescente e criminoso desmatamento”, destacou Moisés.
Em menos de 15 minutos, manteve o discurso adotado em muitas ocasiões, de que seu governo é alvo de uma campanha de desinformação e finalizou dizendo que o Brasil é um país cristão e conservador.
“A desinformação tem sido a palavra-chave deste governo que chegou ao poder espalhando mentiras e assim segue governando. Cabe a nós propagarmos as informações verdadeiras, essa é nossa maior ferramenta para derrotar esse imenso mal que tomou conta do nosso amado país. Sobre ser cristão, o Estado é laico e assim deve se manter justamente para respeitar todas as crenças e ideologias de cada brasileiro”.