A resistência dos trabalhadores à ditadura

No anos posteriores a 1964 a lei de greve impunha fortes restrições aos trabalhadores. Mesmo assim, o movimento sindical reagiu a elas e ao arrocho salarial imposto pelos militares. Já em 1965, os metalúrgicos no ABC decretaram uma greve legal. No entanto, a Justiça do Trabalho determinou um aumento de 80% nos salários e desautorizou o movimento.

Em 1966, os metalúrgicos cumpriram mais uma vez todos requisitos definidos na lei para entrar em greve e iam parar por reposição salarial. Só que mais uma vez a Justiça do Trabalho, controlada pelo governo, impediu o movimento.

O ano de 1968 foi marcado pela intensificação dos protestos contra a ditadura militar.

Os trabalhadores na Ford-Willys, em São Bernardo, fizeram uma greve parcial por três dias e total de um dia. A fábrica acabou sendo invadida por tropas do II Exército, que sufocaram o movimento.

Em seguida, os metalúrgicos de Contagem, em Minas Gerais, deflagram greve duramente reprimida, porém conquistam as reivindicações. Pelo mesmo caminho foram os metalúrgicos de Osasco, em São Paulo, que acabam ocupando a Cobrasma. Mais uma vez, o governo mandou as tropas invadirem a fábrica.

>> Reação

O 1º de Maio de 1968 refletiu o crescimento das lutas dos trabalhadores. Diversos grupos políticos e alguns sindicatos decidiram intervir na manifestação oficial que contaria com a presença do governador Abreu Sodré em ato na Praça da Sé, em São Paulo.

Os metalúrgicos daqui aprovaram que o Sindicato colocasse um ônibus à disposição para garantir a participação da categoria.

Iniciado o ato, os manifestantes investiram contra o palanque e expulsaram os políticos e os pelegos. O próprio Sodré levou uma pedrada na testa antes de conseguir se retirar.

No Rio de Janeiro, o Exército assassinou um secundarista durante manifestação pacífica em um restaurante estudantil. Como resposta, a sociedade realizou uma passeata com 100 mil participantes. Era o maior movimento de massas ocorrido desde o golpe e os militares começaram a ficar preocupados.